TIRO, PORRADA E BOMBA
Não é exagero dizer que John Wick 4 supera expectativas para se tornar um divisor de águas para a sétima arte. Havia quem jurasse de pés juntos que o filme seria mais do mesmo e que, depois de seus antecessores nessa franquia mais que consolidada, não haveria como conceber algo novo para a quarta parte do “Johnwickverse”. Ledo engano.
Dirigido pelo brilhante ex-dublê Chad Stahelski, a produção - em teoria - levaria o personagem de Keanu Reeves a seguir com sua jornada de gato, em virtude de sua personalidade inquieta e incontida. Quando se faz necessário cumprir as regras da chamada ‘Alta Cúpula’ - organização criminosa que exerce influência sobre dezenas de forças policiais, políticos e burocratas, o que a possibilita operar acima da lei - John se mostra ainda mais incongruente.
São 169 minutos de um filme (fiquem até a cena pós-créditos!) que passeia por Japão, França, Alemanha e Estados Unidos, inspirado nas melhores produções de tiroteio, porrada e bomba protagonizadas por astros hollywoodianos setentistas, oitentistas e noventistas como Bruce Lee, Mel Gibson, Danny Glover, Bruce Willis, Jackie Chan, Chuck Norris, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger. Aliás, pode parecer cansativo sentar na poltrona do cinema por aproximadamente três horas, entretanto, até esse paradigma John Wick 4 consegue aniquilar.
Em minhas redes sociais, comparei a produção com um filme pornô. Imagine a melhor e mais excitante produção desse gênero já criada, porém, sem cenas de sexo porque é exatamente isso o que você vai encontrar. Assistir Keanu Reeves quebrando tudo como um verdadeiro berserker (pegaram a referência?) - sem deixar cinéfilos ou marinheiros de primeira viagem respirarem na poltrona do cinema - é quase orgásmico.
Em uma das cenas do filme, é como se estivéssemos controlando um personagem de um videogame labiríntico, com visão em terceira pessoa - quando o jogador vê o personagem e o ambiente de uma perspectiva mais ampla e aérea, como no clássico Bomberman (lembram dele?), por exemplo. É difícil pestanejar quando essa sequência de ação - primorosamente bem ensaiada - começa.
Sobre o elenco de apoio de antagonistas não há muito o que falar. O antes amigo (e agora inimigo) de John, Caine, interpretado pelo fantástico Donnie Yen, mostra, não à toa, razões de sobra para que ele seja apontado como um dos mais talentosos artistas marciais de filmes de ação da história. Nascido na China e às vésperas de completar 60 anos, o ator acumula inúmeros prêmios ao longo da carreira e ultrapassa com excelência a barreira dos estereótipos asiáticos a cada vez que entra em cena.
Lance Reddick (in memoriam), Ian McShane, Laurence Fishburne, Bill Skarsgård (vilão de um cinismo irritante, no melhor sentido da palavra), Rina Sawayama, Shamier Anderson (ótimo do início ao final do filme) e Hiroyuki Sanada são peças fundamentais para que John Wick 4 seja como um organismo vivo no que que se propõe: entreter com qualidade e tatuar a palavra ação nas nádegas dos cinéfilos de plantão.
Não costumo dar notas às produções em minhas resenhas, mas temos aqui um filme 9.9 - o 0,1% que faltou pra um 10 emula meu gosto de quero mais por mais produções como essa ao longo dos próximos anos. Imaginem se a Disney/Marvel decide atrair com seus milhões de dólares o diretor Chad Stahelski para estruturar produções urbanas de seu cardápio audiovisual como uma série do Justiceiro, por exemplo. Me permitam sonhar com um Frank Castle “Jhonwickzado”, por favor… e corram para o cinema já!
PARCERIA - Assisti a “John Wick 4” com todo o conforto da sala Cinépic do Cinesystem localizado no Shopping Metrópole, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, a convite da Rádio Unama FM, parceira do projeto “O Véio Nerd”. Acesse @oveionerd no Instagram, Tik Tok e Youtube para conhecer melhor o projeto que tem me permitido dialogar com os apaixonados por filmes, quadrinhos, séries e muito mais!