THE FLASH
"Meu nome é Barry Allen e eu sou o homem mais rápido do mundo." Você deve conhecer essa frase do seriado que acabou na sua 9ª temporada, mas o que você sabe do personagem?
O Velocista Escarlate foi criado pelo roteirista Gardner Fox (guarde esse nome) e o ilustrador Harry Lampert, estreando em 1940 nas páginas de Flash Comics #1, apenas dois anos depois do Superman e um ano após a estreia do Batman. Sendo considerado o primeiro velocista dos quadrinhos.
Jay Garrick se tornou o Flash após inalar vapores de água dura num acidente onde ganhou super velocidade e super reflexos. Usando um elmo inspirado em Mercúrio (ou Hermes), o Deus da Velocidade, passou a combater o crime e lutar pela Justiça, inclusive sendo membro fundador da Sociedade da Justiça ainda nos anos 40.
Mas como assim? Cadê o Barry Allen? Calma, vamos explicar: o Flash já teve 4 pessoas usando o uniforme.
Voltando à Era de Ouro, o personagem fez bastante sucesso, chegando a ter dois títulos diferentes ao mesmo tempo, mas não resistiu às baixas vendas que afetaram os gibis de super-heróis após o fim da Segunda Guerra Mundial e teve seu título cancelado no final da década de 40.
Uma segunda corrida na Era de Prata.
Partimos para o ano de 1956, quando Gardner Fox (falei para guardar o nome) decide revisitar o personagem nas páginas da hoje lendária Showcase #4, uma revista de antologia feita para apresentar novos personagens.
Nesta edição, Gardner Fox, junto com o desenhista Carmine Infantino, trouxe de volta o Flash, mas agora com a identidade de Barry Allen, um funcionário da Polícia Científica de Central City que foi banhado por produtos químicos atingidos por um raio. Com isso, ele ganhou super velocidade e, inspirado nos gibis de seu personagem preferido na infância - o Flash (!) - Barry decide adotar essa identidade e cria o uniforme vermelho que conhecemos até hoje. Após algumas histórias na Showcase, ele migra para as páginas de Flash #105, continuando a numeração da revista original, que vai até os anos 80 com 350 edições.
E onde entra o Flash Original?
Na Flash #123, de outubro de 1961, Barry Allen corre tanto que vai parar num universo paralelo onde já existe um Flash, o herói de seus quadrinhos de infância, Jay Garrick. Ele descobre que as aventuras que lia nos gibis eram reais e o roteirista Gardner Fox, de alguma maneira, sintonizava essas histórias quando dormia e escrevia em forma de quadrinhos. Essa ideia simples rendeu o conceito de Multiverso nos quadrinhos, que já migrou para os filmes de super-heróis.
Barry Allen ainda ganharia um ajudante para chamar de seu: Wally West, um garoto fã do Flash, que ganhou os mesmos poderes após um acidente igual ao do seu ídolo e virou o Kid Flash.
Tirando esse fato e as aparições nos desenhos dos Superamigos, não temos muito a dizer sobre Barry Allen, pois ele não teve tanto destaque, personalidade formada ou mesmo grandes histórias nas HQs, tanto que a DC decidiu matar o personagem na saga Crise nas Infinitas Terras (e isso é um assunto para outro texto).
Após o fim da saga, que acabou com os Multiversos na DC por terem se tornado uma bagunça editorial histórica, o jovem Wally West assumiu o manto de Flash e se tornou o terceiro homem a usar o nome, isso em Flash #1 (vol. 2, de 1987).
Os anos 90 foram muito bons para o Flash. Além do excelente seriado de TV de 1990, ainda com Barry Allen, que fez sucesso, mas foi cancelado devido aos altos custos após a primeira temporada, Wally ganhou histórias que sacramentaram a mitologia do personagem. Foi nessa década que o escritor Mark Waid (de Reino do Amanhã) assumiu a revista mensal e criou o conceito da Força de Aceleração, que une todos os velocistas da DC. Ele trabalhou a relação de Wally com a Galeria de Vilões, os principais inimigos de Barry Allen que ele herdou. Waid explorou os problemas familiares de Wally e sua maturidade para assumir o manto de Flash, criou seu sidekick Bart Allen, neto de Barry, criado no século XXX (!), chamado de Impulso, um nome que definia bem sua personalidade. O personagem ainda assumiria o manto do Flash durante um breve e esquecido período em 2006.
A verdade é que Wally é o Flash preferido de muita gente, seja pelas histórias cativantes ou pela participação no desenho animado Liga da Justiça Sem Limites. Ele trouxe personalidade e destaque ao velocista que seus antecessores não possuíam. Porém, nem todos concordaram, e o escritor Geoff Johns, ironicamente responsável por outra grande fase do personagem nos anos 2000, junto com o ex-editor da DC Dan DiDio, decidiu trazer Barry Allen de volta dos mortos em 2009.
Em 2010, temos a saga "Flashpoint", onde Barry Allen acorda num mundo em que sua mãe está viva, ele nunca foi o Flash, mas tudo deu errado, e o mundo está à beira de uma guerra entre as Amazonas e o povo de Atlantis. Na história, descobrimos que Barry voltou no tempo para salvar sua mãe de ser assassinada e, sem querer, mudou todo o passado. Essa é a história mais famosa do personagem e será a base do filme que estreou no dia 15/06.
Após a saga, a DC sofreu um reboot a pedido dos executivos da Warner, e isso não foi uma boa ideia. A iniciativa "Novos 52" aumentou as vendas inicialmente, mas depois os leitores foram perdendo o interesse, e criou-se uma bagunça cronológica que perdura até hoje.
Quanto ao Flash, ele teve um novo título mensal onde Barry sempre foi o primeiro e único Flash. Tanto Wally quanto Jay Garrick jamais existiram, pelo menos temporariamente. A nova revista criou boas histórias, mas nada realmente marcante, e fica claro que a DC não sabe o que fazer com Wally West, pois já criaram uma versão parecida com a do seriado de TV, depois trouxeram o Kid Flash original de volta e o colocaram como vilão em uma saga terrível chamada "Heróis em Crise". Atualmente, Wally West é o titular da revista mensal do Flash nos EUA, mas não sabemos até quando.
Enquanto isso, o personagem ganhou destaque em filmes animados, um novo seriado de TV que durou 9 temporadas, participações em jogos famosos, além de ser interpretado pelo polêmico ator Ezra Miller em um filme solo que estreou no dia 15/06/2023.
O Flash parece ter fôlego para correr mais 83 anos tranquilamente, independentemente de quem estiver vestindo o uniforme.