CENSO 2022




Foto: Guilherme Gnipper - Funai
A população indígena do país alcançou a marca de 1.693.535 pessoas, o que corresponde a 0,83% do total de brasileiros que residem em território nacional. Em destaque, temos a região da Amazônia Legal abrigava um pouco mais da metade desse contingente (51,2%). Comparativamente, o último Censo, realizado em 2010, registrava 896.917 indígenas no território nacional. Isso traduz um notável aumento de 88,82% ao longo de 12 anos - quase duplicando essa população, enquanto o crescimento total da população no mesmo período foi de 6,5%.
Marta Antunes, encarregada do projeto de Povos e Comunidades Tradicionais no IBGE, aponta que o crescimento intercensitário da população indígena se deve, em grande parte, a revisões metodológicas que visaram aprimorar a coleta de dados. Ela salienta que compreender o aumento demográfico entre 2010 e 2022 requer análise detalhada dos aspectos como sexo, idade, etnia, mortalidade, fecundidade e migração. Além disso, Marta destaca a ampliação da questão "Você se considera indígena?" para fora das terras indígenas como um fator relevante, observando que em 2010, 15,3% daqueles que se autodeclararam indígenas nas Terras Indígenas basearam-se nessa declaração.
No censo demográfico anterior, a pergunta sobre cor ou raça era aplicada a todos os recenseados, e nas Terras Indígenas oficialmente demarcadas, aqueles que se autodeclaravam brancos, pretos, pardos ou amarelos, mas não como indígenas, eram questionados sobre se se consideravam indígenas. Em 2022, essa abordagem foi ampliada para outras localidades indígenas, incluindo agrupamentos identificados pelo IBGE e ocupações domiciliares dispersas com presença ou potencial de população indígena. Consequentemente, cerca de 27,6% da população indígena adotou essa pergunta de cobertura no Censo 2022.
Vale observar também a chamada "cartografia participativa", que trouxe uma abrangência ampliada para os resultados revelados. Marta destaca que a colaboração das organizações indígenas na elaboração da cartografia os sensibilizou para o Censo. Ela observa ainda que essa mudança na abordagem representa uma transformação significativa.
Marta menciona, também, outros fatores que podem contribuir para o aumento populacional, incluindo uma metodologia de coleta que envolveu maior participação indígena desde o início da operação censitária, bem como um monitoramento compartilhado com a Funai. Além disso, o número de Terras Indígenas aumentou de 505 para 573 entre 2010 e 2022, influenciando a contagem.
Norte e Nordeste respondem por 75,71% da população indígena do Brasil
A região Norte abriga a maior parte da população indígena do país, representando 44,48% do total, o que equivale a 753.357 indígenas residentes na área. Logo após, o Nordeste ocupa o segundo lugar, com 528,8 mil indígenas, contribuindo com 31,22% do total nacional. A soma dessas duas regiões corresponde a 75,71% do conjunto. As demais áreas apresentam a seguinte distribuição: Centro-Oeste, com 199.912 indivíduos (11,80%); Sudeste, com 123.369 (7,28%); e Sul, com 88.097 (5,20%).
Comparando com os números de 2010, as maiores variações absolutas no contingente indígena ocorreram no Norte, que registrou um aumento de 410,5 mil, e no Nordeste, com um incremento de 296,1 mil. Na região Sul, que apresentou a menor flutuação, houve um acréscimo de 9,3 mil pessoas indígenas.
Juntos, os estados do Amazonas e Bahia concentram 42,51% da população indígena do país. Esses dois estados lideram em número de indígenas, com 490,9 mil e 229,1 mil, respectivamente. Em seguida, estão Mato Grosso do Sul, com 116,3 mil, Pernambuco, com 106,6 mil, e Roraima, com 97,3 mil. Esses cinco estados englobam a maioria (61,43%) da população indígena do Brasil.
Com informações da ascom do IBGE.