CÚPULA DA AMAZÔNIA
Durante a abertura da Cúpula da Amazônia, em Belém, María Alexandra Moreira López, Secretária-Geral da Secretaria Permanente da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), enfatizou a importância do marco conjunto denominado "Declaração de Belém".
O documento está no centro das discussões entre os chefes de Estado presentes, e tem como propósito enfrentar a "urgência de ações imediatas e pragmáticas" diante dos desafios sociais impostos pelas mudanças climáticas na região e no mundo.
Em um compromisso inédito, María Alexandra ressaltou que a Declaração de Belém representa uma visão abrangente e audaciosa, esforçando-se para compreender a Amazônia em toda a sua vastidão. O acordo será assinado e divulgado pelos líderes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela durante a cúpula, que termina nesta quarta-feira, 9.
"A urgência de ações imediatas e pragmáticas é evidente. Trabalhos científicos apontam para a necessidade de erradicar o desmatamento até 2030. Para atingir esse objetivo, devemos adotar medidas enérgicas, incluindo o combate a atividades ilegais e ao crime organizado que afetam nossos territórios", acrescentou María Alexandra. Ela assinalou ainda a complexidade do desafio, destacando a necessidade de abordagens sistêmicas, transfronteiriças e multiníveis, além do desenvolvimento de políticas públicas embasadas em evidências científicas.
A dimensão social desse desafio também será abordada na declaração. Com mais de 50 milhões de pessoas habitando a região amazônica, incluindo 400 grupos indígenas e populações urbanas, as necessidades são diversas, abrangendo desde acesso à água potável e saneamento básico, saúde e conectividade à internet. María Alexandra antecipou que a declaração também conterá diretrizes para a cooperação binacional e trinacional entre os países-membros da OTCA.
O governador do Pará, Helder Barbalho, também enfatizou o desafio social em seu discurso, destacando a importância de equilibrar a conservação ambiental com o desenvolvimento sustentável.
"Assumimos um compromisso estratégico com essa agenda. Sustentabilidade, soberania, diálogo e cooperação são os princípios que orientam essa jornada que se inicia hoje. Ela levará o Brasil e os demais países da OTCA a acolher aqueles que compreendem a complexidade e sensibilidade das questões sociais, políticas, ambientais e econômicas. Precisamos de soluções ousadas e proporcionais para os dilemas que a Amazônia enfrenta", enfatizou o governador.
Helder falou ainda sobre a necessidade de combater o desmatamento em paralelo à promoção da bioeconomia. Ele também enfatizou a importância de proteger os povos indígenas e as comunidades tradicionais, utilizando seus conhecimentos ancestrais para preservar a biodiversidade e os rios.
Além disso, o governador do Pará destacou a importância de erradicar a exploração humana, promovendo educação, saúde, moradia, emprego e justiça social. Barbalho concluiu ressaltando a necessidade de governos que inspirem a sociedade, consciente de que a resiliência da natureza tem seus limites, cuja transposição trará consequências que vão além da região amazônica.