CÚPULA DA AMAZÔNIA
Nesta quarta-feira, 9, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nações em desenvolvimento que possuem florestas tropicais delinearam duas estratégias cruciais. Esses planos visam estabelecer opções econômicas viáveis para a população, ao mesmo tempo que salvaguardam a biodiversidade local. O propósito é levar essas pautas para serem debatidas em fóruns internacionais voltados ao meio ambiente e às alterações climáticas.
Uma das abordagens consiste em trabalhar rumo à formulação de um conceito global de socioeconomia ecológica. Isso permitiria a certificação de produtos provenientes das florestas, incentivando a criação de empregos e fontes de renda. A outra frente, conforme mencionado por Lula, envolve a criação de mecanismos para justa e equitativa remuneração pelos serviços ambientais prestados pelas florestas ao mundo.
Ponto de Confluência
Após a reunião na Cúpula da Amazônia, realizada em Belém (PA), o presidente elucidou que se tornaram evidentes "significativas convergências" entre o Brasil e outras nações em desenvolvimento que possuem florestas tropicais.
"Estamos plenamente convencidos da urgência e da necessidade de uma atuação conjunta em fóruns internacionais. Demandamos maior representatividade em discussões que nos afetam diretamente. Iremos advogar em conjunto para assegurar o cumprimento dos compromissos de financiamento climático assumidos pelas nações mais prósperas", afirmou Lula. "Ações protecionistas disfarçadas de zelo ambiental por parte das nações ricas não apontam o rumo correto", reforçou o presidente.
Abraçando a Amazônia
Inaugurada na terça-feira, 8, a Cúpula da Amazônia congrega as nações membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), fundada em 1978 e que permanecia há 14 anos sem um encontro de tal magnitude. Compreendendo Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, a OTCA constitui o único bloco socioambiental da América Latina.
O governo brasileiro estendeu convites para os debates deste segundo dia do evento à Guiana Francesa, que, embora não pertencente à OTCA, abrange territórios amazônicos. Além disso, também se uniram às discussões a Indonésia, a República do Congo e a República Democrática do Congo - países que abrigam vastas extensões de florestas tropicais. São Vicente e Granadinas, detentora da presidência rotativa da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), a Noruega, defensora do Fundo Amazônia, além de diversos órgãos multilaterais e instituições financeiras internacionais também marcaram presença.
Os representantes compartilharam ideias convergentes no que diz respeito à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável, visando direcionar tais propostas para as negociações multilaterais acerca do meio ambiente, a começar pelas conferências COP-28 sobre Mudança Climática e COP-16 sobre Biodiversidade.
Em um encontro com a imprensa, Lula expressou: "É necessário que reconheçam que não se trata apenas do Brasil, da Colômbia ou da Venezuela necessitando de recursos, mas sim da natureza que sofreu a poluição do desenvolvimento industrial ao longo de duas décadas, e que agora necessita de reparação financeira. A responsabilidade por reverter parte dos danos causados deve ser assumida. A natureza requer financiamento e recursos."
Em um discurso anterior, Lula enfatizou que a promessa dos países ricos de disponibilizar US$ 100 bilhões anualmente, feita em 2009, já não é suficiente para atender às demandas do financiamento climático.
Com informações da Agência Brasil.