DESENVOLVIMENTO
Não faz muito tempo, era implausível escrever na mesma frase as palavras desenvolvimento, sustentabilidade e mineração. Hoje, essa conjugação de ideias ainda desafia a sociedade, o poder público e a iniciativa privada. Mas já tem gente tentando mudar essa realidade. Ou seja: equacionar os impactos da indústria extrativa mineral com novas perspectivas de crescimento econômico, semeando mais prós do que contras. É o caso de Canaã dos Carajás, um dos mais jovens municípios do Pará, cujo território abriga a maior jazida de minério de ferro a céu aberto do mundo.
A prefeita Josemira Gadelha e o secretário de Finanças, Alciro Moraes, conversaram com os jornalistas Ronaldo Gillet e Paulo Silber, no REDEPARÁ podcast, revelando os planos da administração municipal para construir a Canaã do amanhã. Uma série de projetos, estratégias e obras com que pretendem blindar o município contra o reverso da euforia. A história nos ensina: há casos em que cidades cresceram na dependência da indústria mineral e minguaram quando a fonte secou. Como Serra do Navio (AP), no passado recente, com a derrocada do manganês, e Itabira (MG), que vive no presente o declínio da reserva de ferro.
“Nós temos consciência de que os recursos minerais são exauríveis. Por isso, criamos o Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável, que guarda 5% de tudo que é arrecadado com a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral). Os recursos desse fundo são utilizados em investimentos na educação superior, desenvolvimento econômico, inovação e tecnologia. Estes são os quatro pilares para o projeto de diversificação da nossa economia. Investimentos que preparam a Canaã do futuro, reduzindo a dependência dos royalties da mineração”, explica a prefeita Josemira.
A ideia é impulsionar outros setores da economia, para que assumam no futuro o lugar de filão do desenvolvimento local, exorcizando o fantasma do vilão da dependência dos royalties, que é o esgotamento da mina. Um desses segmentos, que está na vocação natural de Canaã, é o turismo. Uma indústria sem chaminé, mas que só se desenvolve quando a cidade cria condições de oferecer aos visitantes a melhor experiência possível. Não adianta ser um ótimo destino se não for possível chegar lá e usufruir desse potencial. Isso implica em criar uma infraestrutura de acesso, transporte, mobilidade urbana, novas atrações e fortalecer as redes municipais de saúde e segurança. De acordo com Josemira e Alciro, Canaã está fazendo o dever de casa.
“Temos hoje cerca de 50 obras em andamento. São mais de 120 quilômetros de asfalto e 12 pontes de concreto, tanto na zona urbana como na zona rural. Implantamos mais de 12 mil lâmpadas LED na iluminação pública. Já fizemos mais de 30 quilômetros de calçadas. Nosso hospital de média de alta complexidade está avançando. É um planejamento que envolve mais de R$ 70 milhões. São obras que estão transformando a paisagem urbana.
Elas são resultado de uma gestão responsável. Obras como o Mirante, os parques lineares, as ciclovias, as estradas e o aeroporto elevam Canaã a outro patamar”, ressalta Josemira.
“Hoje, os recursos da mineração são usados com sabedoria e responsabilidade. Como nunca foram usados antes”, completa o secretário Alciro. De acordo com ele, na gestão passada, o Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável totalizava R$ 2 milhões. “Ampliamos esse fundo para R$ 10 milhões em apenas dois anos”, comemora.
Estas obras, a maioria em andamento e outras já previstas no orçamento, estão preparando Canaã para ser mais do que a capital do minério. A reconstrução de rodovias como a Transcanadá, a duplicação da PA-160 e a conclusão da Transcarajás criam um novo desenho na logística do sudeste paraense, conectando o município com os principais corredores rodoviários da região, reduzindo o custo de transporte de cargas e passageiros.
E o aeroporto municipal, um sonho antigo da população, cujas obras devem ser finalizadas em 2024, coloca Canaã definitivamente no mapa do turismo nacional e internacional. Enquanto prepara a Canaã do futuro, a prefeita Josemira também precisa dar conta dos problemas do presente. O crescimento exponencial da população é um deles. A população do município saltou de cerca de 6 mil habitantes no ano 2000 para aproximadamente 25 mil em 2003. No último censo, em 2022, já aparece com quase 77 mil.
Por outro lado, Canaã já desponta com o maior PIB per capita do Pará, está entre os dez maiores do Brasil e desde o ano passado desponta como cidade campeã na geração de novos empregos. “O mais importante é que chegamos ao ranking do emprego não por causa da mineração, mas porque estamos gerando vagas com carteira assinada em outros setores, especialmente na construção civil, graças às obras públicas e por conta dos investimentos da iniciativa privada, destaca Josemira. “Isso revela que estamos no caminho certo, praticando uma gestão positiva, que apresenta resultados e transforma vidas. Muito diferente da velha política, que não cabe mais na realidade de Canaã”.