COP-30
“Achei super interessante o curso por ser aqui em Mosqueiro, já que nós morarmos aqui. Às vezes, tem curso em Belém, mas, tem a questão do transporte, a distância, a família com filho pequeno… fica mais difícil”. É o que diz Paula Patrícia, de 41 anos. Ela trabalha no Empatas Bar, na Praia do Bispo, e esperava uma oportunidade para se qualificar na sua área de atuação.
O curso Gastronomia Sustentável, oferecido pela Prefeitura de Belém, em parceria com o Governo do Estado, nesta segunda, 30, e terça-feira, 31, na Escola de Gastronomia, foi o momento ideal para ela.
A iniciativa faz parte da política de formação da administração municipal no intuito de preparar a capital paraense para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-30), em novembro de 2025.
Qualificação
O curso contemplou moradores da ilha que já trabalham com a manipulação de alimentos e a procura por uma vaga superou as expectativas: houve o triplo de inscrições, o que levou a organização a duplicar o tamanho da turma de 20 para 40 alunos e programar novas oportunidades.
“Este momento é muito significativo dos passos que nós demos quando fomos procurados para participar do Forma Pará. Decidimos, desde 2021, fazer parte deste projeto. O prefeito Edmilson Rodrigues delegou a nós esta missão de fazer a conexão com o programa, porque temos uma Escola de Gestão Pública (EGP) no município, ligada à nossa secretaria e voltada à formação de servidores", explica a secretária municipal de Administração, Jurandir Novaes.
Na prática, complementa a secretária, a gestão municipal atribui um caráter social à formação, em que, além de servidores, também a comunidade seja envolvida. Para isso, foi criada a Universidade Livre da Amazônia (Ulam).
Parceria
A gestora remonta à parceria entre as instâncias municipal e estadual responsável por proporcionar o curso superior de Tecnólogo em Gastronomia, na ilha de Mosqueiro, com 43 alunos, e que se aliaram à oferta do curso destes últimos dois dias para a comunidade local.
É por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa) que estão sendo possíveis, tanto o curso de nível superior, quanto o curso de qualificação.
Evandro Neves Júnior, coordenador dos cursos profissionalizantes da Sectet, garante que o governo está “imbuído em levar capacitação a todas as nossas ilhas. Estamos juntos com a Prefeitura no esforço de ofertar cursos profissionalizantes. Nosso estado é riquíssimo e a nossa culinária é apaixonante”.
Professora da Uepa e coordenadora do curso de Gastronomia, Bruna Almeida da Silva afirma que o projeto agregou muito, tanto na vida do alunos do curso de qualificação, quanto na dos estudantes de graduação. Acrescentou ainda, que existem “muitas pessoas na ilha que precisam estar aqui, apresentando a sua experiência de vida, porque faz parte da cultura e é necessário valorizar isso”.
Experiência
A história de dona Vanda Clara, de 55 anos, ilustra bem o que diz a professora Bruna. Marajoara, ela mora em Mosqueiro há 25 anos e vende tapioca no mercado de Carananduba. “Uma grande parte do que vendo, faço em casa. Tenho meu quintal. Os sucos, tenho pés de cupuaçu, levo de lá o muruci. Têm alguns assentamentos lá perto, que é onde a gente compra a goma pra fazer a tapioquinha. A gente tem um potencial muito grande”, reafirma orgulhosa. ]
E ela quer aprender mais. “A questão do reaproveitamento de alimento. Eu já faço isso na minha casa e procuro passar isso para meus vizinhos. O meu arroz, eu ponho talos da couve”, conta.
Ao final de cada aula, tanto teórica quanto prática, a turma compartilhou o resultado da experiência na cozinha em mesa caprichada, anunciando a vontade em satisfazer cada paladar.