SOLIDARIEDADE
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Ainda marcada pelo covarde assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, em junho de 2022, um crime que chocou o mundo e indignou o Brasil, a antropóloga Beatriz Matos, viúva de Bruno, começa 2024 com uma nova batalha: salvar a vida de Pedro, de 5 anos, filho mais velho do casal.
Pedro foi diagnosticado no ano passado com neuroblastoma em estágio 4. Trata-se de um câncer muito agressivo, que acomete uma a cada 7 mil crianças nascidas. É a terceira neoplasia maligna mais comum na infância e adolescência, ficando atrás apenas da leucemia e dos tumores do sistema nervoso central.
Para enfrentá-lo, Pedro passou cinco meses internado no Hospital da Criança de Brasília, fazendo quimioterapia. A segunda parte do tratamento, porém, a fase da imunoterapia, não é coberta pelo SUS. Para que não ocorra a metástase que ameaça o menino, e o câncer não se espalhe pelo organismo frágil do filho de Bruno, Pedro precisa de um remédio caro, não disponível na rede pública brasileira.
Nasceu dessa necessidade a ideia de fazer uma vaquinha pela Internet. Milhares de pessoas estão compartilhando o link da campanha "Salve Pedro". A vaquinha virtual é acessada no endereço www.salvepedro.com.br. Ali é possível se engajar, compartilhando a campanha ou fazendo doações. É um esforço coletivo, para a salvar a vida do Pedro, filho de um brasileiro que deu a própria vida para salvar a Amazônia.
Bruno Pereira, um dos mais engajados indigenistas brasileiros, enfrentou a ganância, o crime organizado e a barbárie que se instalou na Amazônia. Tombou lutando, para proteger os direitos dos povos indígenas. No Vale do Javari, onde atuava sem holofotes, denunciou a invasão das terras indígenas, o garimpo ilegal, a pesca predatória, o contrabando de madeira e outros crimes ambientais.
Apaixonado pela cultura dos povos originários, Bruno foi emboscado durante uma expedição, na companhia do jornalista inglês Dom Phillips. Desde que deram pelo sumiço de ambos, foram dez dias de buscas na floresta, em uma área recortada pelos rios, de mata densa, onde vivem indígenas isolados, foco do trabalho de Bruno.
A descoberta dos corpos, a confissão de pessoas envolvidas no crime e as confusas investigações da Polícia Federal, que chegou a mudar três vezes o delegado responsável pelo inquérito, revelou a pior face das instituições de comando e controle do poder público da Amazônia, que se comportavam como se fossem coniventes do crime. Na mesma época em que o governo federal promovia um verdadeiro desmonte do Ibama na região amazônica, no Governo Bolsonaro.
Agora, Beatriz e Pedro contam com a solidariedade dos brasileiros, do mesmo modo que o Brasil contava com Bruno. Na página de acesso à campanha, em www.salvepedro.com.br, o recado é claro e faz todo o sentido. “Vamos salvar o Pedro. Entre nessa vaquinha. Colabore como puder.
Pedro é filho do Bruno. Pedro é filho da Beatriz. Pedro é nosso filho. É filho do Brasil. Salve Pedro”, diz o site.
Os valores arrecadados pela campanha #SalvePedro serão integralmente destinados ao seu tratamento oncológico. Com a cura do Pedrinho, eventual valor remanescente será destinado a famílias que precisam do remédio, ao Hospital da Criança de Brasília/DF (ou outra instituição), para que mais crianças possam ter a mesma oportunidade que Pedro está recebendo.
É bom acreditar que podemos fazer a nossa parte, salvando a vida do Pedro, com a mesma sinceridade que mobilizou o pai do menino a lutar pelas vidas dos povos da floresta. Pelo nosso futuro, pelas nossas vidas e a vida dos nossos filhos. Bora salvar o Pedro.