DOCUMENTÁRIO
Cinco bailarinos e coreógrafos paraenses estão participando de um intercâmbio de dança na Argentina. A experiência educacional e cultural vai durar dez dias, e é realizada em duas cidades: a capital Buenos Aires, e Bariloche, na região da Patagônia.
Os bailarinos foram selecionados durante a primeira edição do Dança Carajás Festival, realizada no ano passado, em Parauapebas, município da região Sudeste do Pará.
As bolsas de estudo foram destinadas para os destaques da primeira edição do evento, e incluem passagens áreas, hospedagem, transporte e alimentação. Ou seja, a bolsa é totalmente gratuita para os artistas.
Entre as aulas ministradas pelos hermanos estão: dança irlandesa, swing jazz, fit barre, dança contemporânea, tango, folclore argentino, técnica de ballet progressivo, ballet clássico e aula de musical. Já os bailarinos brasileiros, ministram aulas de dança contemporânea, danças urbanas, ballet e folclore paraense (carimbó e lundum marajoara).
Os bolsistas paraenses são: Rose Monteiro (professora da Universidade do Estado do Pará e coreógrafa), Wallace Luz (bailarino clássico), Mayrla Andrade (doutora e professora da Universidade Federal do Pará e coreógrafa), Lindemberg Monteiro (Bailarino e coreógrafo), e Victor Shynoda (dançarino e coreógrafo).
Victor vai ministrar workshop de danças urbanas nas duas cidades. Para ele, o intercâmbio é a realização de um sonho. "Está sendo muito gratificante para mim. Essa é a primeira vez que u ando de avião, é a primeira vez que saio do país. Para mim, o maior desafio para ministrar as aulas será a língua, pois a única coisa que sei falar em espanhol é 5, 6, 7 e 8".
Na troca de conhecimentos, as aulas de carimbó serão ministradas pela professora Rose Monteiro. "A palavra para esse momento é desafio. É um desafio trazer a cultura paraense dentro do carimbó, que não é uma cultura fácil de levar, considerando que você tá em outro país, eles têm outro tipo de ritmo, inclusive. Mas é um desafio que vai ser muito gostoso de ser feito", contou Rose.
Além dos paraenses, o intercâmbio também garantiu uma bolsa de estudos para a bailarina clássica, Caroline Cantuária, da cidade de Teresina, no Piauí. Ela também foi selecionada durante o festival.
"Está sendo como ver a realização de anos e anos de expectativas criadas, mas que por conta das dificuldades financeiras e saúde, não foram possíveis serem realizadas. Eu sempre sonhei com isso, em fazer aulas fora do país, mas nunca sonhei em ministrar aula fora do Brasil, então, o coração tá na mão", disse a bailarina.
O intercâmbio é uma parceria com o Instituto Danzarium, de Bariloche. O projeto foi aprovado na Lei Paulo Gustavo do Estado do Pará, e do município de Parauapebas. Para o diretor geral do Festival Dança Carajás, Jarbas Alves, o intercâmbio é uma grande virada de chave na vida dos bolsistas.
"É uma troca total de cultura. Da cultura do dançar, da cultura do comer, é saberes, lembranças e acima de tudo aprendizado. Essa será uma virada de chave na vida dos bailarinos, eles já vão conseguir enxergar que existe sim um mercado da dança, que se eles estudarem, se capacitarem e claro, conseguirem possibilidades para importar o trabalho deles e crescer dentro do Brasil, acredito que eles vão enxergar a dança já com um olhar ainda mais profissional".
Documentário - Todo o intercâmbio está sendo gravado e será transformado em um documentário, com entrevistas exclusiva com professores e bailarinos brasileiros e argentinos. A direção de comunicação do documentário está sendo feita pelo jornalista paraense Andrey Araújo, que coordena a equipe composta pela produtora artística e filmaker Joara Barros, e a designer e filmaker Pollyana Carvalho.
O intercâmbio também será eternizado em um livro em parceria com o projeto Habitante Criador, da Universidade Federal do Pará, coordenado pela professora Mayrla Andrade.
"A gente sempre quer fazer algo a mais, a cereja do bolo. Nós disponibilizamos a bolsa, só que queríamos, de fato, que os bolsistas tivessem acesso à isso, e na maioria da vezes o grande limitador de acesso à essas bolsas é a questão financeira. Quem faz arte e cultura no Brasil, sabe que é muito complicado a gente se sustentar com isso. Então, quando surgiu o edital da Lei Paulo Gustavo eu pensei 'por que não levar essa galera com tudo pago e criar um documentário para relatar e eternizar todos os momentos, tudo o que está acontecendo?'. Então, o que antes era uma bolsa, hoje virou algo ainda mais grandioso. A previsão de lançamento do documentário é para o dia 29 de abril, Dia Internacional da Dança", explicou Jarbas Alves.
Sobre o Dança Carajás Festival - A primeira edição do evento foi realizada em setembro de 2023, no município de Parauapebas. Durante quatro dias, 426 bailarinos, dançarinos e coreógrafos participaram de forma gratuita do evento, que permitiu um intercâmbio com profissionais renomados da dança, entre eles: Fábio Alcantara, Adriana Assaf, Jhean Allex, Gui Negão e Rose Monteiro, que ministraram whorkshops para os participantes.
Os profissionais também foram jurados da mostra competitiva, que distribuiu R$ 15 mil reais em prêmios, além de bolsas de estudo no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro) e no exterior (Buenos Aires e Bariloche - Argentina). O Festival também tem cunho social e distribuiu 609 latas de leite em pó, para mulheres atendidas no CTA de Parauapebas, que vivem com o vírus do HIV e não podem amamentar seus filhos recém-nascidos.
Para ficar por dentro das novidades da segunda edição do festival, basta seguir o perfil oficial no instagram: @dancacarajas.