“A gente sabe trabalhar, mas não sabe gerenciar; este tipo de assunto (gestão) deveria ter aprendido cedo na escola”. Com a lógica de que a boa gestão é indispensável para a obtenção de resultados positivos, mais de 50 agricultores e pequenos produtores familiares participaram de Oficinas de Gestão Financeira em Unidade de Produção Familiar. Com a parceria entre a Earthworm Foundation Brazil (“Minhocas”) e a Belem Bioenergia Brasil, foram realizadas essas Oficinas nos dias 30 de abril e 1º de maio, nas comunidades PA Maravilha, Vicinais Pindorama e Maracaíra, todas localizadas no Município de Tailândia, no nordeste paraense.

Para facilitar a compreensão e absorção dos conteúdos, os agricultores e produtores praticaram exercícios coletivos com a construção de cálculo, tomando como exemplo os custos de implantação de um hectare de plantio de açaí, com envolvimento e participação de todos.

Edivan Matias, analista de projetos da Earthworm, facilitador do evento, observa que, no âmbito familiar, há uma lacuna referente à participação dos membros familiares na gestão. “Percebemos que a participação é muito pequena dentro do sistema financeiro familiar; não há uma integração com os demais membros da família. Não existe gerenciamento eficiente, pois os filhos não participam da gestão financeira da propriedade, o que inibe a sucessão para as próximas gerações na agricultura familiar”, pontua o analista.

“O nosso trabalho tem como vertente fundamental fazer a exposição para os agricultores e produtores do potencial que eles têm, pois muitas vezes deixam de usá-lo, e não somente o potencial produtivo, mas a mão de obra familiar disponível dentro da propriedade. Quando isso é usado para o bem-estar familiar, pode-se gerar significativa mudança de cenário na vida deles”, destaca Raquel Costa, analista de projetos que também atua na Earthworm como facilitadora em ações socioeducativas nas comunidades.

A agricultora Arcângela Araújo, de 64 anos, moradora da Vicinal 10, na Comunidade PA Maravilha, em Tailândia, foi uma das participantes do evento. Ela cultiva o plantio de mandioca, feijão e hortaliças, além de ter três tanques de criação de tambaqui.

“A gente trabalha e não tem muita orientação; às vezes, a gente quer desistir, porque tem hora que o nosso negócio pouco prospera. Eu gostei muito da aula, porque aprendi sobre como aumentar a renda e produzir ainda mais”, disse a agricultora que vende suas produções aos sábados na Feira do Produtor de Tailândia.

Entre os presentes, atento a tudo ao que o facilitador da Oficina falava, estava o adolescente Marlon Lima, de 13 anos de idade, filho de produtores de dendê, cacau, cupuaçu e mandioca, que, ao saber do evento, ficou interessado em participar. “Na hora que fiquei sabendo, por meio dos meus pais, eu me interessei. Gostei da parte que ele (o facilitador) falou sobre a economia e como organizar o trabalho na roça”, comentou o adolescente.

A Earthorm é uma Organização Não Governamental (ONG) que atua na Amazônia Brasileira e implementa diversas ações, dentre as quais a diversificação de produção, o fortalecimento de associações e cooperativas, o empoderamento feminino, a liderança feminina, a segurança alimentar e as regularizações ambiental e fundiária.

A ONG, de dezembro de 2023 a maio de 2024, alcançou aproximadamente 500 pessoas com realizações de diversas oficinas em cinco municípios, como Concórdia do Pará, Acará, Moju, Tomé-Açu, Tailândia e São Domingos do Capim.

Na Oficina da comunidade Vicinal Pindorama, realizada no dia 1º de maio, o produtor Raimundo Edivano de Souza, de 37 anos, que está iniciando a atividade na cultura do dendê, com 10 hectares, e que já cultiva 500 pés de laranjeira, comentou sobre a aquisição de conhecimentos técnicos: “A gente sabe trabalhar, mas não sabe gerenciar; este tipo de assunto (gestão) deveria ter aprendido cedo na escola”, frisou o produtor.

Dicas para organizar o ganho com o negócio

Com as orientações da Earthworm, seguem sete dicas de como usar os recursos financeiros de modo eficiente:
1-    criar orçamento financeiro detalhado (mês a mês);
2-    priorizar despesas essenciais;
3-    estabelecer metas de economia;
4-    evitar dívidas de consumo;
5-    reduzir gastos com alimentação fora de casa;
6-    economizar em transporte;
7-    aproveitar promoções e descontos.

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