SAÚDE
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Segundo um estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 1 a cada 3 bebês têm algum grau de seletividade alimentar, entre o primeiro e segundo ano de vida. A seletividade alimentar não se caracteriza por questões de preferências na hora de comer, mas quando há recusa, desinteresse e pouco apetite por determinados grupos de alimentos, um comportamento que se manifesta devido a diferentes fatores.
O desenvolvimento infantil é marcado por diversas fases, e uma delas é a dificuldade de alimentação, principalmente quanto o bebê está na transição alimentar. Esses desafios no momento das refeições podem ser isolados ou associados a diferentes fatores biológicos e psicológicos, como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o ambiente externo e distúrbios gastrointestinais. “Quem tem seletividade alimentar costuma escolher os mesmos alimentos, ter aversão sensorial a certos sabores, texturas ou cores, assim como pode apresentar pouco apetite e interesse em comer”, ressalta o terapeuta ocupacional, Rafael Morais.
De acordo com Rafael a seletividade alimentar não é um diagnóstico, mas um sintoma que acomete muitas crianças que tem dificuldade na exploração, na seleção, na mastigação e na condução dos alimentos até a boca. “A seletividade alimentar é uma demanda muito comum na prática do terapeuta ocupacional, e por se tratar da dificuldade da criança de experimentar grupos alimentares como um todo, frutas, legumes, verduras, sucos etc. Quando a causa do problema está na na relação sensorial com o alimento uma das abordagens de tratamento utilizada é Intervenção de de integração sensorial de Ayres, que consiste na adaptação da criança às experiências sensoriais do ambiente e do próprio corpo. Neste caso da seletividade alimentar de base sensorial o profissional busca promover e/ou ajustar experiências confortáveis para que a criança se sinta segura e confiante para experimentar novos alimentos.
‘”É importante que o profissional realize uma entrevista criteriosa com a família e avalie com a própria criança sua preferência alimentar. “O terapeuta ocupacional com a expertise e integração sensorial faz uma anamnese minuciosa com as questões que envolvem a alimentação. É interessante uma conexão entre o profissional com a família e a criança na tentativa de identificar quais os problemas que atingem diretamente o processo de alimentação”, orienta o especialista.
Uma intervenção adequada permite que a criança desenvolva desde cedo uma alimentação saudável. “O problema da seletividade alimentar é a carência nutricional, pois uma alimentação restrita dificulta a ingestão dos nutrientes presentes em variados grupos alimentares. Por isso é importante proporcionar um ambiente para as refeições seguro, evitando discussões e o uso de aparelhos eletrônicos, o que pode contribuir para a melhor aceitação dos alimentos”, conclui Rafael.