Artes

Destaque no prêmio Pipa, artista paraense Henrique Montagne leva,pelaprimeira vez, exposição à região do Carajás. "Pretérito (Im)Perfeito" é uma exposição com um recorte de trabalhos de períodos diferentes de Henrique Montagne, de 2017 a 2023, entre elas algumas inéditas. Obras que trazem uma narrativa que evidencia o uso da palavra e do texto nas artes visuais, o que chamam em inglês de Text-based-art, (texto baseado na arte), utilizando a palavra para além de seu uso na literatura, usando-a para seu uso estético do “ver” e do “sentir”. Como o texto e a palavra inseridas em outras linguagens que o artista utiliza, sendo o desenho, a fotografia e instalações que se tornam únicas formando assim uma identidade particular do artista. A mostra fica em cartaz no Pontal Instituto Cultural, de 20 de junho a 27 de julho.
O artista sempre brinca com a ironia e a língua portuguesa e suas terminações, em Pretérito (Im)perfeito não é diferente, esta é uma ação onde a palavra se posiciona no passado, em algo anterior ao momento da fala, e que no tempo a que pertence, não foi finalizada, foi interrompida por outro acontecimento. O título brinca com o imperfeito e o perfeito, com algo que está em trânsito constante, algo do passado que está em uma constante. Trazendo trabalhos do começo de sua produção com trabalhos recentes, juntando as suas duas exposições individuais, a fim de apresentar o trabalho do artista para o público da região.
A relação da qual o artista precisa partir de um lugar para produzir e trabalhar suas provocações e sentimentos em obras de arte. As construções que envolvem o trabalho de Henrique Montagne, remontam arte e vida, mas para além disso trazem questões que abordam discursos, reflexões e debates que o cercam em sua identidade e a de outros como ele: A luta interna e externa contra a homofobia, romper estigmas da sociedade brasileira em relação ao que entendem sobre gênero, e a visibilidade e importância das vivências afetivas LGBTQIA+ na arte, essa tão oprimida pelas regras e leis ‘morais’ criadas por homens comuns, como se fossem predominantes para manter uma ordem, mas esta ordem não existe, pois a masculinidade é uma invenção, e o gênero é uma construção social; Homens escrevem, homens choram, homens amam e se apaixonam por outros homens.
Não existe um padrão verdadeiro e único do que é ser “homem” como o patriarcado diz e insiste em nos ferir desde crianças, Henrique através da imagem e do poder da palavra ao seu favor e que sempre teve consigo para escapar de memórias de dor, vive sua masculinidade e o queer*, que é “diferente”, diverso, questionativo e transforma em algo que o espectador perceba que todos temos diferenças, e é isso que nos torna simplesmente humanos.
"Lutamos para termos orgulho de sermos quem somos, mesmo que o patriarcado diga que nossas vivências não valem a pena existir ou serem vistas na arte, sempre querendo interromper o que estamos dizendo, mas nós continuamos dizendo, pois estamos vivos, através das memórias, das imagens, do amor, do corpo, da arte e sem sombra de dúvidas, das palavras", diz Henrique.
A exposição irá abrir na quinta-feira dia 20 de junho, às 19h e possui curadoria conjunta de Henrique Montagne e Yasmin Gomes, que também escreveu o texto crítico que acompanhará a exposição.
Serviço
Onde: Pontal Instituto Cultural
Quando: 20 de Junho (Quinta-feira)
Horário: 19 horas
Período: 20 de Junho a 27 de Julho
Endereço: Av. 2000, Qd. 93, Lote 16 b, Marabá