Lançamento

O rap é compromisso, é instrumento de revolução. Bruno BO, um dos pioneiros do estilo na Amazônia e dos primeiros MCs brasileiros a conquistar o título de Doutor, apresenta ao público o EP “O Ato da Docência”, um manifesto sobre a força da educação como motor de resistência, cidadania e dignidade da juventude periférica. Aliando rimas e beats à experiência de Bruno como professor, o novo trabalho reúne parcerias com grandes nomes do rap nacional e surpreende ao trazer diversos elementos regionais. O EP chega às plataformas digitais de streaming no dia 12 de julho.
“Neste EP, declaro meu amor a minha profissão de educador - que é minha vocação -, meu amor aos meus alunos. Mas falo também das mazelas, preconceitos, falta de valorização, respeito e reconhecimento, a falta da devida importância da educação para a sociedade. Pra mim, o rap tradicional foi a melhor trilha sonora que eu encontrei pra poder falar de questões tão sérias. Esse é um disco pra trazer pra molecada a importância do estudo, do quanto o conhecimento é importante pra libertar, pra construir um caminho positivo”, diz.
Escola de rap
Com mais de 25 anos de carreira na música, Bruno BO atuou como arte-educador e professor de Sociologia nas unidades de internação de adolescentes infratores e atualmente é professor de Sociologia no Instituto Federal do Pará. Doutor em Ciências Sociais, Bruno realizou pesquisas durante toda sua trajetória acadêmica sobre a cultura hip hop, em especial o rap. Como educador, aliou seu conhecimento antropológico à sua musicalidade, e fez do rap uma forma de alcançar seus alunos.
Desta trajetória, acende a proposta do EP, que deriva do projeto “Jornada Quinto Elemento de Oficinas de Economia Criativa e Produção Cultural”, realizado, no mês de março, em diversos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS de Castanhal, nordeste do Pará, região onde Bruno leciona.
A Jornada trouxe a proposta de aplicar a cultura do rap e do hip hop como ferramenta social e como fonte de recurso expressivo das diferentes realidades sociais, experiências, vivências e visões de mundo. O Projeto Jornada ofereceu oficinas de capacitação, de escrita criativa, de produção cultural e roda de conversa sobre hip hop. A partir de todas essas vivências, a gente foi conectando artistas e produtores de cultura local para que isso pudesse ser expresso no EP”.
Resultado desse intercâmbio,o EP traz a participação de alunos , participantes e de produtores da região. O Ato da Docência foi gravado no estúdio Selo Kizomba, do “Allan Selektah”, que participou das rodas de conversa do Projeto Jornada. O EP traz ainda Laysa Santos , ex-aluna de Bruno BO; o rapper “Kawan MC”, do quilombo de Macapazinho; guitarras de Ariel Casimiro, artista do metal na cena de Castanhal; e Klaus MC, rapper trans e ativista do movimento hip hop. O disco traz ainda o beatmaker paraense “Navi Beatz”.
Rap com sotaque do Pará
Com quatro faixas, o EP, contemplado no edital de incentivo da Fundação Cultural do Pará 2023 com produção executiva de Bruna Raiol e Edvaldo Souza e realização da Realizador Cultural, traz a participação de DJ Caique, Barba Negra e Nobre Beats, nomes de destaque nacional. Nobre Beats, beatmaker do Rio Grande do Sul. Com mais de 100 milhões de plays em plataformas digitais, tem trabalhos com Cesar MC, Froid, Dalsin, Sid e outros. Parceiro de artistas como Emicida e Marcelo D2, Barba Negra, o “terrível ladrão de loops”, é o principal produtor de Drumless no país da atualidade.
DJ Caique é um dos principais produtores do rap Lusófono, e acumula um catálogo de mais de 40 discos lançados pelo seu renomado selo 360 Graus Records, responsável pelo lançamento de álbuns de artistas influentes do cenário, incluindo MV Bill, Dexter, Rashid e Projota.
Barba Negra e DJ Caique entram em cena para imprimir ao EP uma sonoridade do rap tradicional, marcada pelo beatmaker que, dentro do hip hop, atua como uma espécie de produtor musical construindo instrumentais com elementos percussivo a partir de uma melodia; e pelo Boom Bap, subgênero do hip hop que surgiu no início dos anos 90 com um timbre mais seco do gênero, batidas padrões e consistentes, e forte influência do Jazz e do Soul.
Além da roupagem anos 90, “O Ato da Docência” traz ainda a marca autoral de Bruno BO: um rap amazônico, com “sotaque paraense”. “São elementos regionais, gírias, temáticas, sentimentos e sonoridades nossas, um rap com um molho brega, caribenho”, conta. “A cultura paraense tem essa influência direta do Caribe e tem muita musicalidade, como a guitarrada, a forma como o teclado é utilizado. Eu já tinha feito um EP com leituras e versões de bregas a partir de uma roupagem mais voltada para o trap, misturando cúmbia e reggaeton”, conta Bruno a respeito do trabalho anterior, lançado em 2021, o EP “Marcantes 2.0”, onde regravou clássicos do brega paraense em versões drill, trap e digital cúmbia.
Bruno iniciou sua trajetória musical na banda de rapcore Carmina Burana, sendo destaque da cena underground paraense dos anos 90. No início de 2000, fez parte do MBGC, um dos primeiros grupos de rap do estado do Pará. Já em carreira solo, desde 2002, o artista lançou a demo “Direito de Resposta” (1999) e o álbum “Floresta de Concreto (2013), com participações de Gaby Amarantos (PA) e Dubalizer (SP), e o primeiro DVD de rap do Pará, “Afroamazônico” (Natura Musical), gravado em 2018, em Belém, com diversas participações especiais e produção de Dubalizer (SP).
Serviço:
Lançamento do EP “O Ato da Docência”, de Bruno BO, dia 12 de julho, em todas as plataformas digitais de streaming.