ESPORTE RIBEIRINHO






Foto: Paulo Roberto Ferreira - Ascom Semec
No lugar de uma cesta de basquete, a lixeira da escola. Em vez de uma rede de vôlei de polipropileno, fio de algodão e folhas de açaí. Foi assim, com materiais improvisados e mais próximo da realidade dos ribeirinhos, que teve início, nesta terça-feira, 30, os Jogos de Verão da Escola Municipal de Educação do Campo (EMEC) São José, localizada às margens do rio Bijogó, na ilha Grande, uma das 39 do território insular de Belém.
Os estudantes do 6° ao 9° ano e os professores desenvolveram atividades cooperativas como a construção de uma bola com sacolas de plástico, folhas de árvore e fita adesiva para jogar o Bola ao Cesto, que pode ser utilizado com um paneiro de fibra de guarumã, material existente no território e muito utilizado para fabricação de peneira, espécie de crivo que serve para coar o açaí.
Outra modalidade esportiva que movimentou as crianças e pré-adolescentes foi o Ping-bol, uma mistura de pingue-pongue com futebol, que serve como atividade corporal e estimula “vivenciar novas maneiras de jogar sem a preocupação de ganhar ou perder, mas de promover valores como a autoestima, solidariedade, respeito e cooperação”, como explica a diretora da escola, Eliza Cardoso.
Material reciclável
O professor de Educação Física, Marcelo Furtado, falou de outras modalidades como o vôlei com pé e a queimada do rei ou da rainha. As regras são adaptadas em diálogo em sala de aula e utilizam produtos recicláveis. Diferente da queimada tradicional, o time tem que proteger o rei ou a rainha para evitar a eliminação do coletivo. Mas a equipe adversária desconhece quem são essas peças. Caso uma equipe derrube as duas garrafas pet com água, o time todo é eliminado.
Evellyn Ribeiro, da localidade de Aurá-Miri, gostou muito da experiência de jogar numa equipe de Bola ao Cesto. Ela foi a única menina da equipe que ganhou por 5 x 1 o primeiro jogo da modalidade, em que o jogador que segura a cesta faz tudo para pegar a bola.
A coordenadora pedagógica, Jaqueline Veras, disse que os jogos e os materiais utilizados permitem que os estudantes possam desenvolver a atividade esportiva em suas comunidades, em torno de suas casas. E como no território de várzeas os espaços de terra firme são pequenos, é possível adaptar muitas modalidades esportiva em áreas de reduzido tamanho.
Modalidades adaptadas
Para os professores é também uma oportunidade de conhecer ainda mais seus alunos e aprender com eles os materiais que existem nas comunidades e que podem ser adaptados para as práticas esportivas. Em setembro serão realizados os jogos internos da Escola São José, que contará com modalidades como natação, canoagem e disputa para avaliar a rapidez de quem escala um açaizeiro.
A escola São José foi construída pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), em um terreno ao lado do antigo prédio da unidade de ensino, que possuía apenas duas salas de aula. Reinaugurada em maio de 2023, a escola conta com cinco salas de aula e ainda biblioteca, espaço para recreação, secretaria, almoxarifado, refeitório, cozinha e banheiros. A unidade também conta com 36 placas fotovoltaicas para geração de energia limpa.
A reforma completa da unidade exigiu um investimento superior a R$ 2,1 milhões, garantindo conforto e segurança e acesso à educação de qualidade aos estudantes da ilha, que conta com transporte escolar fluvial.