PREVENÇÃO E AÇÃO

Guardas Municipais de Belém debatem a Lei Maria da Penha e o enfrentamento à violência contra a mulher

Por meio do Núcleo de Atenção à Guarda Feminina (NAGF) da Guarda Municipal de Belém (GMB), promoveu na manhã desta quarta-feira, 7, um seminário em alusão aos 18 anos da aprovação da Lei Maria da Penha. O evento reuniu guardas municipais dos grupamentos Operacional, Táticos e administrativos, em torno de cinco painéis apresentados somente por mulheres que atuam na conscientização, combate e defesa dos direitos das mulheres.

A solenidade iniciou com o Hino Nacional, executado pelo saxofonista da Banda de Música, Inspetor Eduardo Lima. A abertura do evento contou com as participações do inspetor-geral da GMB, Joel Monteiro; o subinspetor-geral, Sindeval Bittencourt; a representante da Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel), Nirna Tourinho e da coordenadora do NAGf, inspetora Maria José Patrício

Acolhimento e melhor atendimento

O inspetor-geral, Joel Monteiro, ressaltou a importância de debater o tema da violência contra a mulher. “O enfrentamento à violência contra a mulher é uma constante na Guarda Municipal. Estamos inseridos no Programa Pró-mulher, do governo do estado e em julho, na Operação Verão, iniciamos o serviço da ronda Patrulha da Mulher", destacou Monteiro.

Ele complementou, que a GMB criou, em 2021, o Núcleo de Atenção à Guarda Feminina. "Este setor veio para atender as mulheres que fazem parte da instituição, que sofrem algum tipo de violência, também possibilitou que diversas ações fossem realizadas, visando melhorias no atendimento à vítima de violência doméstica, como, por exemplo, a realização desse seminário, capacitações, cursos e palestras para os guardas municipais que atuam diariamente com esse tipo de ocorrência”, destacou o comandante.

Painéis

História, gênero, violência e direitos humanos foi o primeiro tema proferido pela Analista Judiciária, professora, doutora em Educação, Riane Conceição Ferreira. A palestrante explanou sobre o papel da mulher na sociedade, o machismo, as formas de violência praticadas contra as mulheres, entre outros assuntos.

O segundo painel foi sobre o 18° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 18 de julho de 2024, a cargo da advogada e servidora pública da Procuradoria Geral do Estado e Diretora das Mulheres e Advogadas da OAB/Pará, Samila Gusmão. A advogada mostrou, que mesmo com intensa campanha de enfrentamento, os índices cresceram de violência no país, quando se trata do gênero feminino. Ameaça, agressão, feminicídio e outros crimes contra as brasileiras registraram aumento no último ano. A cada seis minutos, por exemplo, foi registrado um caso de estupro — 6% a mais em relação a 2022.

Rompendo ciclos, grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência, a violência psicológica e a Lei Maria da Penha, foi o tema do terceiro painel, ministrado pela psicóloga Rosana Lemos, servidora da Defensoria Pública do Estado do Pará

A delegada, Andreyza Teixeira, diretora da Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM) do município de Ananindeua, apresentou o quarto painel com o tema: Os avanços e desafios da Delegacia Mulher no atendimento à mulher em situação de violência.

Relato - Encerrando o seminário, a guarda municipal V L, acompanhada da advogada Alexia Rodrigues, relatou a experiência de ter vivenciado a violência doméstica e familiar pelo ex-companheiro. “Continuo superando, mas já me sinto fortalecida e em paz por conseguir sair desse relacionamento", relatou.

Ela prosseguiu, informando aos presentes que passou por todos os tipos de violência, e não tinha coragem de falar. Sentia vergonha e medo de falar. "A cada agressão, seja física ou psicológica, eu perdoava. Ele me distanciou dos meus familiares e amigos. Até que um dia ele foi me buscar no trabalho e no caminho começamos a discutir e com medo acabei me jogando do carro em movimento. Foi a partir desse dia que tudo mudou e resolvi buscar ajuda. Fui acolhida no meu trabalho pela equipe do Nagf e por amigos de trabalho até conseguir voltar para casa", contou.

Ela agora assegura: "Quero ajudar outras mulheres que estão passando por esse transtorno. Por isso, conto tudo o que passei e como foi resolvido.  Com meu depoimento tenho chance de salvar outra mulher como eu, que passou por tudo que passei”, alertou.

 

 

 

 


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