ECONOMIA
A compulsão por compras é um transtorno do impulso, onde prevalece o desejo incontrolável de comprar mesmo que não haja nenhuma necessidade de adquirir determinado objeto. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 8% da população mundial compõem essa estatística. No Brasil, durante o período em que é realizado o pagamento do 13º salário, a pauta é evidenciada com o excesso de consumo feito de forma descontrolada.
Segundo o psicólogo da Hapvida NotreDame Intermédica, Fabrício Vieira, a compulsão por compras gera um prazer momentâneo, imediatamente substituído pelo sentimento de culpa. “Por se tratar de um ciclo vicioso, a pessoa se sente culpada por ter comprado e cedido novamente. Isso acontece até que se busque o tratamento adequado”, explica.
Ainda de acordo com Fabrício, o desejo compulsivo por compras tem algumas origens possíveis. “A ansiedade está associada, uma vez que esse sentimento de inquietação normalmente conduz as pessoas a tomarem decisões drásticas e, às vezes, mal pensadas, para provocar alívio emocional”, destaca.
Conforme o especialista, tentar aliviar a ansiedade por meio das compras é um comportamento muito comum. “Compradores compulsivos costumam ter preferência por certos objetos, como itens de decoração, roupas ou refeições. Sempre que estão ansiosos, gastam dinheiro com eles. Embora a compra atinja o seu objetivo, o alívio da preocupação e do estresse é passageiro”, reforça.
O psicólogo enfatiza que o indivíduo não trata a causa da ansiedade ao gastar o seu dinheiro desenfreadamente, somente ameniza os sintomas por um curto período. “Assim que ele tiver outro motivo para ficar ansioso, o sentimento retornará e ele precisará repetir o comportamento compulsivo para ficar calmo novamente”, acrescenta.
Além da ansiedade, a compulsão por compras pode estar associada ao histórico familiar. “Compradores compulsivos que cresceram em lares desestruturados têm mais possibilidade de desenvolver condições de saúde mental, como transtornos de humor e distúrbios alimentares, dependência química e compulsões”, pontua.
Segundo Vieira, recorrer ao álcool, às compras ou aos alimentos é a maneira que essas pessoas encontraram para provocar prazer e tranquilidade. “Com isso, conseguem fugir do ambiente caótico e do estresse da convivência familiar por alguns instantes. Por isso, associaram esses comportamentos nocivos a sensações e sentimentos positivos. Eventos traumáticos na infância, como abuso sexual, negligência ou bullying na escola, também podem desencadear hábitos compulsivos na vida adulta”, elucida.
Fabrício orienta como evitar a compulsão por compras. “Saia de casa com o dinheiro necessário para suas despesas diárias. Evite sair com cartão de crédito e débito. Procure avaliar a possibilidade de cancelar cartão de crédito por um período e não carregue folhas de cheque”, finaliza.