Mudanças Climáticas

Este domingo, dia 16 de março, é o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas no Brasil - uma data simbólica para todo o país, em especial para Belém, que vai sediar este ano a COP-30, a maior conferência global sobre clima. Em meio a diversas obras de preparação para receber o evento, o avanço do BRT-Metropolitano, que é a maior obra de mobilidade da região, é alvo de críticas por parte de especialistas e ativistas climáticos.
“É uma incoerência muito grande Belém se preparar para sediar o maior evento mundial sobre crise climática e ignorar em seu planejamento a existência de pedestres e ciclistas – que adotam formas de mobilidade sustentáveis, limpas e de zero emissão de poluentes. O caso mais crítico são as obras do BRT, que avançam pela BR-316 sem ciclovias, ou com ciclovias ‘picotadas’, sem continuidade, e retiram faixas de pedestres em troca de passarelas, que inviabilizam o ir e vir de idosos e pessoas com mobilidade reduzida, além de maltratar o ciclista, que será obrigado a carregar a bicicleta se quiser atravessar a via”, denuncia Ruth Costa, da diretoria do coletivo Paráciclo, dedicado à mobilidade urbana ativa na Amazônia.
Segundo a cicloativista Danielle Queiroz, presidenta do coletivo, é urgente a discussão sobre a precariedade da estrutura da mobilidade em Belém diante dos casos recorrentes e mortes de ciclistas, e do avanço de grandes obras do trânsito que ignoram a segurança de transeuntes e quem pedala na capital.
“Sabemos que a mobilidade baseada em automóveis movidos a combustíveis fósseis são um dos principais vilões do aumento da temperatura global: quanto mais carro, mais calor, mais desequilíbrio da natureza, mais desastres ambientais e mais ameaças às nossas vidas”, frisa.
Para fortalecer o debate, o Paráciclo promove o “Pedal Manifesto: Pela Conscientização Climática e Respeito a pedestre e ciclistas nas obras do BRT Metropolitano”, que será realizado domingo (16), com concentração às 7h, na frente do Parque do Utinga. A ação integra uma agenda nacional de atos, realizados em diversos estados de todo o Brasil.
“Vamos unir forças para alertar sobre a urgência da crise climática e a necessidade de infraestrutura cicloviária segura e adequada para quem se desloca pela Grande Belém. É preciso mudar a lógica predatória que nos deixa sem alternativas dignas para o ir e vir. A cidade deve ser democrática e acolher não somente os carros. A COP deve ser mais que discurso”, diz Ruth.
A situação tem sido denunciada pelo coletivo desde 2024. Entre as manifestações promovidas pelo grupo, foi instalada uma faixa em protesto à obra. No pedal de domingo, uma segunda faixa será colocada em via pública, em uma ação de intervenção urbana que busca fazer com que as vozes de pedestres e ciclistas sejam consideradas na execução da obra.
“Diversas tragédias têm tirado a vida de ciclistas na cidade e nada tem sido feito para interromper esse ciclo de morte. Vamos nos mobilizar e exigir ações que garantam mais ciclovias, faixas, sinalização e respeito no trânsito”, destaca Daniele Queiroz, presidente do Paráciclo.
Serviço
“Pedal Manifesto”, domingo, 16 de março. Concentração às 7h, no Parque do Utinga.