O Complexo Aldeia Amazônica David Miguel já reunia cerca de 20 mil pessoas, quando o Império de Samba Quem São Eles entrou na avenida às onze e meia da noite deste sábado, 15, trazendo os elementos da natureza para enaltecer e defender a conservação da floresta amazônica. O "Quenzão" foi a terceira Escola de Samba do Grupo Especial a entrar no corredor da folia na segunda noite dos desfiles. Empolgante, a agremiação carnavalesca pede o fim do desmatamento e a salvação da Amazônia com o enredo "O Despertar da Floresta".

Segunda mais tradicional Escola do Carnaval de Belém, com 79 anos de fundação, o "Quenzão" trouxe para o público a teoria dos quatro elementos da Natureza - terra, fogo, água e ar – para a realidade amazônica em forma de profecia. "Quatro guerreiros, representando os quatro elementos, diante da devastação da floresta pela ação humana, travam uma luta espiritual para devolver o equilíbrio e a energia para Amazônia e, com isso, proporcionar que a natureza desperte a alegria, a felicidade e a saúde à população", explicou o carnavalesco Paulo Anete Cirilo.

Quem estava emocionado em desfilar pela escola era Michel Souza, de 78 anos. Há cinquenta e oito anos, o carnavalesco entra na avenida para defender o “Quenzão”. “O Quem São Eles é o amor da minha vida. Todo ano me emociono porque a gente passa o ano inteiro lutando para conseguir chegar até aqui”, afirmou.

Para ressignificar a teoria crida pelos filósofos gregos Empédocles e Aristóteles, a Escola do bairro do Umarizal evoluiu na passarela do samba da Aldeia Amazônica, reunindo 1.500 brincantes, distribuídos por 12 alas e com 4 carros alegóricos. O público assimilou o enredo e cantou o samba, composto por João Bosco Ferreira e Vicente de Paulo e interpretado pelo cantor Vando Souza no embalo da bateria com 150 ritmistas sob a batuta do maestro Pedro Paulo.

Além das fantasias multicores, a performance de passistas, destaques nas alegorias, porta-estandarte e mestre-sala e porta-bandeira deram confiança aos brincantes, que percorreram os 700 metros da passarela dentro do tempo previsto de 60 minutos. Entre eles, Maria de Lourdes Pereira da Silva, baiana de destaque, de 68 anos, e que há 57 anos desfila pelo Quem São Eles. "Meu sangue ferve pelo meu Quenzão desde criança e vou morrer na avenida sambando pela minha escola", disse.

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