ABRIL AZUL

Carlos Gael de Souza tem 5 anos e na manhã desta quarta-feira, 9, chegou bem cedo à escola, vestiu a luva de proteção e saiu junto com os colegas de sala para plantar quiabo na horta. “Gosto muito de plantar, protege a natureza”, disse Gael, que faz parte da equipe de 25 alunos com Transtorno do Aspecto Autista (TEA) matriculados na Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Almerindo Trindade, no bairro da Pedreira. Todos eles são atendidos no projeto Horta Escolar Inclusiva, criado na unidade de educação, e que tem como objetivo promover a mudança nos hábitos alimentares das crianças com TEA.
O projeto é realizado nos turnos da manhã e tarde pela professora da sala multifuncional, Nucia Azevedo. A horta escolar também é utilizada como recurso pedagógico, promovendo práticas de sustentabilidade, educação ambiental e desenvolvimento de habilidades sensoriais, como o tato, o olfato e o paladar.
A iniciativa surgiu a partir da observação da alimentação das crianças, que durante o recreio, frequentemente trazem de casa lanches industrializados, como pipoca, biscoitos recheados, refrigerantes e sacolés, mesmo quando a merenda escolar oferece opções nutritivas, como frutas, feijão, carne e frango.

Essa realidade, associada à seletividade alimentar comum entre crianças com TEA, resulta em uma carência nutricional que afeta a saúde e o desenvolvimento cognitivo. “O projeto visa, portanto, melhorar a alimentação dessas crianças, oferecendo experiências sensoriais e educativas”, completou a professora Nucia.
Para o coordenador do Centro de Referência de Inclusão em Educação (CRIE), da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec), Marcos Lopes, as salas multifuncionais das escolas municipais recebem total incentivo para a realização de ações que gerem inclusão do aluno com deficiência. “As salas multifuncionais são orientadas a desenvolverem projetos e ações que contribuam para o processo de inclusão escolar no dia a dia da escola e, objetivamente, no processo de aprendizagem. Mas um ponto super importante é o olhar e o acolhimento às famílias”.
Ainda neste primeiro semestre, o projeto vai realizar uma oficina de sucos de frutas para as mães dos estudantes com TEA, com a intenção de criar hábitos saudáveis no cotidiano dos alunos.
Texto: Luís Miranda