Entrevista

Viver na periferia da Amazônia é enfrentar um desafio duplo: morar no subúrbio de uma região que historicamente carece de acesso a serviços básicos. Partindo da premissa que a pauta climática deve estar na agenda de todos os gestores, a população periférica deve ser levada em consideração no planejamento das cidades.
O Paráciclo acredita na construção coletiva de um futuro justo, ouvindo as vozes de quem é mais impactado pela crise climática. Por isso, a gente te convida para o 1º Circuito de Mobilidade de Belém, que vai realizar no bairro Mangueirão, o quarto mini-fórum do projeto. Estaremos todos reunidos para um café de manhã, onde iremos dialogar sobre quais políticas públicas nossas populações periféricas desejam para seus territórios.
Confira, abaixo, entrevista com Danielle Queiroz, presidenta do coletivo:
1) O Pará está em meio a debates fortes sobre essa questão, e o Paráciclo destaca, inclusive, a falta de planejamento da maior obra de mobilidade da sede da COP 30. Quais são, atualmente, os pontos centrais deste debate?
O BRT Metropolitano é uma obra que prioriza carros, visa dar fluidez para o trânsito e contempla pouco os pedestres e ciclistas, as enormes passarelas impõem travessias longas e difíceis para idosos, crianças e pessoas com dificuldade de locomoção, o debate sobre o que atende a população mais adequadamente não foi feito, há eminência no aumento da tarifa de ônibus, o serviço de abastecimento de água em vias de ser privatizado, não temos muito a celebrar, nos resta dialogar com os moradores dos bairros por onde estamos circulando com os Mini fóruns e organizar nossas demandas para cobrar do poder público.
2) O mini-fórum, realizado diretamente em comunidades periféricas, busca fortalecer o debate por direitos cidadãos, como o de ir e vir com segurança. Qual a importância de dar protagonismo a essas comunidades neste debate?
Ouvir as populações periféricas é fundamental para que as políticas públicas atendam suas reais necessidades, os prefeitos e governadores precisam colocar as periferias no centro do planejamento das cidades, devem trabalhar para garantir saneamento, água tratada, lazer educação, mobilidade ... pois é sabido que estas são as áreas mais afetadas pela crise climática. Belém sediará o maior evento climático do planeta, mas dá as costas para as periferias, o volume de investimentos se concentrou nas áreas centrais, de maneira que sobram frustrações e racismo ambiental.
3) Qual o objetivo do mini-fórum?
Quem mora em periferia sabe muito bem quais benfeitorias podem trazer qualidade de vida para seus bairros, então é natural que façamos esta escuta, é fundamental que sejamos nós mesmos os instrumentos de organização das nossas demandas. Queremos que os gestores públicos de Belém cumpram compromissos assumidos em campanha, queremos postos de saúde, transporte público de qualidade, segurança. Queremos que os recursos destinados a estas matérias sejam aplicados exemplarmente. Os mini-fóruns são espaços de organização popular, de engajamento e de crença num futuro justo, saudável e democrático para todos.
Serviço: 4° Mini Fórum de Mobilidade de Belém, dia 12 de abril, de 8h às 13h, na EEEF - Assoc. dos Moradores do Jardim Residencial Jaderlar (Travessa Chico Mendes, n° 61). Inscrições gratuitas aqui: https://encurtador.com.br/L52JN