CONEXÃO CIDADÃ
Unidades móveis que levam dignidade e cidadania, oferecendo diversos serviços sociais para os milhares de catadores e catadoras informais que existem no Brasil são a base do projeto “Conexão Cidadã”, criado em 2022, pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras (Ancat), que tem como parceiros o Banco do Brasil e a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Presente nas capitais Aracaju, Recife, Belo Horizonte e Brasília, o “Conexão Cidadã” chega agora a Belém, graças à adesão da Prefeitura ao projeto. O serviço é prestado em um trailer - totalmente equipado com salas, geladeira, banheiro, cadeiras, mesas, ar condicionado e televisão - que vai circular pela cidade ofertando assistência e orientações sobre saúde, primeiros socorros, vacinação, segurança alimentar, orientações sobre direitos trabalhistas, apoio jurídico, assistência para retirada de documentos e apoio psicológico para ajudar a lidar com a discriminação da qual muitos são vítimas. O projeto visa atender os catadores informais, que vivem em situação de rua.
Em Belém, o evento de inauguração do “Conexão Cidadã” foi realizado nesta quarta-feira, 23, no Palácio Antônio Lemos. A mesa de abertura foi composta pelo prefeito de Belém, Igor Normando; ministro de Estado Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macedo; secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Maluf; secretário de estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, Inocêncio Gasparini; assessor especial da Fundação do Banco do Brasil, Kleyton Morais; diretor- superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno e pelo mobilizador nacional do Conexão Cidadã, Luiz Henrique Silva.
A importância do projeto, que valoriza esses trabalhadores que transformam, por meio da reciclagem, itens que seriam descartados em vários outros produtos, foi destacada pelo prefeito Igor Normando. “A prefeitura está de portas abertas para oferecer todo o suporte necessário que esse projeto merece, um projeto que traz cidadania para as pessoas. Nós estamos no ano da COP-30, o mundo todo está olhando para Belém, e nós precisamos ser um exemplo de cidadania e de inclusão”, disse o prefeito.
Já o ministro de Estado, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, ressaltou a política de desmonte que havia em relação aos catadores do Brasil, antes do presidente Lula assumir a presidência. “Quando nós chegamos à Presidência da República, uma das políticas que havia sido desmontada era a política de incentivo à cadeia produtiva dos catadores e catadoras de materiais reciclados. Nós restituímos essa política e estamos fazendo um trabalho denso para fortalecer essa cadeia produtiva. Os catadores prestam um trabalho fundamental para manter a cidade limpa, mas infelizmente muitos estão perambulando pelas ruas, não têm documento, estão doentes, não estão no CadÚnico, então esse programa realiza um trabalho de busca ativa desses trabalhadores, e Belém foi a capital do Norte escolhida para integrar esse projeto”, destacou Macedo.
Conexão Cidadã em Belém
Além de secretários da Prefeitura e do Estado, dentre outras autoridades políticas, estiveram presentes no evento, vários catadores e catadoras de Belém.Débora Bahia, catadora mobilizadora do projeto Conexão Cidadã em Belém, explica que a equipe que compõe o programa já está mapeando os catadores informais que vivem em situação de rua na capital paraense.
“O primeiro território que mapeamos foi o Ver-o-Peso, para compreendermos como esses catadores se movimentam, e a gente concluiu que a maioria vive em situação de rua e não possui documentos. O próximo passo será mapear os territórios do Jurunas, Cremação e Condor”, explica Bahia. A mobilizadora completa dizendo que a intenção é de que o trailer estacione “pelo menos uma vez por semana em pontos estratégicos, onde os catadores já estejam mobilizados para participar das ações”.
A Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Secretaria Municipal de Cidadania, Assistencialismo e Direitos Humanos (Semcad), entre outras, participará do Conexão Cidadã levando serviços sociais para os catadores e catadoras.
Antônio Oliveira, 54, é catador de materiais recicláveis há 30 anos. Hoje, ele é um trabalhador formal e faz parte de uma cooperativa de catadores, mas já viveu um ano em situação de rua e conhece de perto os problemas enfrentados pelos trabalhadores informais. “Esse projeto é muito importante, porque leva dignidade aos catadores que moram na rua. Eu sei como é a gente não ter onde tomar banho, onde se alimentar. Muitos desses catadores têm problemas com a justiça, não tem documentos. Esse projeto pode ser também um incentivo para que a pessoa saia das ruas”, opina Oliveira.
