Mais do que estender a permanência das crianças na escola, o ensino integral na infância tem se mostrado uma estratégia eficaz para promover o desenvolvimento global dos alunos, unindo aprendizagem, cuidado, ludicidade e vínculos afetivos. Em escolas bilíngues, o impacto é ainda maior: a exposição ampliada ao segundo idioma no dia a dia potencializa o aprendizado e torna a vivência do bilinguismo mais natural.

De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as matrículas em tempo integral vêm crescendo no Brasil. Em 2023, esse número chegou a 21,9% das matrículas totais na Educação Básica, aproximando-se da meta de 25% prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).

Na prática, o ensino integral transforma a rotina das crianças. Durante o contraturno, são realizadas oficinas de arte, leitura, música, esportes e atividades bilíngues, sempre respeitando o ritmo e as necessidades individuais de cada faixa etária. Esse formato contribui não apenas para o desempenho escolar, mas também para o desenvolvimento de competências socioemocionais, criatividade, autonomia e habilidades linguísticas.

“A proposta do ensino integral vai muito além do tempo. O objetivo é oferecer experiências diversificadas que contribuam para a formação de crianças mais seguras, críticas, criativas e autônomas. E, no caso da escola bilíngue, esse tempo ampliado fortalece ainda mais o contato com o segundo idioma, que passa a fazer parte do cotidiano de forma espontânea”, explica a educadora da Escola Canadense de Belém, Caroline Aguiar, especialista em educação bilíngue e desenvolvimento infantil.

Para muitas famílias, o ensino integral representa também um apoio essencial na organização da rotina. A mãe Ana Clara, que tem duas filhas matriculadas em período integral, destaca o acolhimento e a tranquilidade que a escola oferece: “Essa conexão entre mãe e filha que a escola promove é algo muito especial. Acordar, trabalhar tranquilamente, sabendo que as meninas estão bem cuidadas, aprendendo e se divertindo… ajuda demais. Faz diferença na vida de toda a família.”

O ensino integral na primeira infância também cumpre um papel importante na formação da identidade da criança. Ao passar mais tempo na escola, ela aprende a se relacionar com diferentes grupos, lidar com frustrações, esperar sua vez, colaborar em atividades coletivas e se expressar com mais confiança. Essas vivências contribuem diretamente para a construção de valores como respeito, empatia e responsabilidade, fundamentais para o convívio em sociedade.

Além disso, o modelo integral tem se mostrado uma resposta às mudanças sociais e às novas configurações familiares. Em um cenário onde muitos responsáveis enfrentam jornadas de trabalho extensas, a escola auxilia ainda mais, oferecendo uma rotina estável, alimentação adequada, estímulos variados e apoio emocional. Para as famílias, isso representa mais tranquilidade. Para as crianças, representa uma infância mais rica em experiências, cuidado e aprendizado.