Cultura
A Copa Paraense de Rimas, que se firmo como o maior movimento competitivo de freestyle rap do estado, abre espaço para um momento igualmente potente: sua programação formativa gratuita, o Laboratório de Rima e Resistência. De 9 a 11 de junho, na Usina da Paz do Guamá, Belém recebe uma série de oficinas abertas que propõem um mergulho coletivo na cultura hip-hop amazônida — com trocas de saberes que partem das ruas e retornam para elas.
A formação não é um detalhe complementar, mas sim um pilar do projeto, destaca Daniel ADR, idealizador do projeto. Nascida da urgência de fortalecer quem sustenta o corre diário nas periferias, a programação busca empoderar artistas, comunicadores e jovens da Amazônia com ferramentas práticas, inspiração e consciência crítica.
“São vivências conduzidas por nomes que pensam e vivem a cultura desde dentro — mulheres negras, artistas da palavra, comunicadores de quebrada — e que entendem a arte como espaço de autonomia e transformação”, destaca ADR, um dos prodígios do rap na Amazônia.
Este projeto conta com incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), por meio do Programa Rouanet Norte, patrocínio do Banco do Brasil, parceria do Banco da Amazônia, Caixa e Correios, e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.
Batalha de rimas
A Copa Paraense de Rimas surge a partir da Batalha de São Brás, que é o maior movimento de hip-hop do Pará, criado em 2013 no tradicional bairro de São Brás, em Belém. Nascida como uma batalha de freestyle — aquelas em que MCs duelam rimando de improviso —, ela se consolidou como um dos principais espaços de expressão da cultura de rua amazônida, reunindo semanalmente jovens da periferia em torno da palavra, do ritmo e da resistência.
Mais do que uma competição de rima, a Batalha de São Brás se tornou um movimento cultural e político, promovendo encontros, oficinas, shows e ações sociais. O microfone aberto se transformou em ferramenta de formação, pertencimento e voz para uma juventude historicamente marginalizada.
Em 2025, o projeto se expande com a criação da Copa Paraense de Rimas, um campeonato estadual que percorre 16 municípios do Pará. As seletivas ocorrem nas cidades de Soure, Ananindeua, Capanema/Bragança, Santarém, Itupiranga, Marabá, Parauapebas, Aveiro, Altamira, Tucuruí, Conceição do Araguaia, Breves, Castanhal, Paragominas, Barcarena, culminando em uma grande final em Belém, no dia 23 de agosto.
Além das batalhas e formações, o festival contará com shows de artistas locais e nacionais, e toda a jornada será registrada em um média-metragem documental, mostrando a força da cultura hip-hop como ferramenta de impacto social e ambiental em pleno ano da COP30.
“A Batalha de São Brás, berço desse movimento, agora se desdobra em um campeonato estadual inédito. Mas a essência permanece: é na rima, na escuta e na formação que começa a revolução”, destaca Daniel ADR.
Programação gratuita:
Local: Usina da Paz do Guamá (Auditório - Sala Multiuso)
Datas: 09, 10 e 11 de junho
Horário: A partir das 18h (exceto oficina do dia 11 às 16h)
Acesso livre: Sujeito à lotação da sala. Acesse o perfil do projeto para participar.
Oficinas:
- 09/06 – 18h
Na Palma da Mão – Conteúdo mobile com Tainá Barral
Como transformar o celular em ferramenta de criação, denúncia e expressão.
- 10/06 – 18h
Psica e Psiquentes – Comunicação de quebrada com Gustavo Aguiar
A linguagem das ruas, pensada e praticada a partir das margens.
- 11/06 – 16h
Palavra Armada – Poesia falada com Moraes MV
A força do verbo como resistência e criação poética.
- 11/06 – 18h
Fala de Mina – Empoderamento feminino no hip-hop com Bruna BG e Suzan Sousa
Reflexões e provocações sobre o lugar das minas na cena e na vida.