INOVAÇÃO

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O setor de saúde no Brasil passa por uma revolução silenciosa, em 2024 as healthtechs movimentaram R$ 799 milhões no país. Na América Latina, o crescimento foi de 37,6%, com o Brasil liderando os investimentos. Em meio a esse cenário promissor, um médico do Pará decidiu sair da zona de conforto da carreira tradicional e mergulhar no universo do empreendedorismo.
Médico de formação, Jonathan Sarraf fez o movimento que muitos sonham, mas poucos se arriscam a concretizar. Deixou os plantões e criou a Portí, uma startup voltada exclusivamente para ajudar outros médicos a organizarem sua vida financeira e gerirem seus negócios com mais eficiência, onde o principal produto é a antecipação de recebíveis para médicos. “Passei anos convivendo com colegas que ganham bem, mas viviam no limite. Faltava conhecimento, estrutura e ferramentas”, conta.
Hoje, à frente de uma empresa que cresce em escala nacional, Jonathan se tornou um dos rostos mais conhecidos da nova leva de empreendedores da saúde no estado. Com uma proposta clara de traduzir o “economês” para quem sempre esteve focado em salvar vidas, a startup se diferencia por falar a linguagem dos médicos — e entregar soluções que cabem na rotina corrida desses profissionais. A mudança de carreira foi movida por uma inquietação: por que médicos, mesmo com alta renda, têm tanta dificuldade em lidar com finanças? A resposta veio com a vivência e a prática. Ao perceber que a maioria dos profissionais da saúde não recebe nenhuma formação sobre gestão ou empreendedorismo durante a faculdade, Jonathan decidiu criar uma ponte entre os dois mundos.
A aposta deu certo. A empresa cresce em um ritmo consistente e já mira novos mercados dentro do sistema de saúde. Além de ajudar médicos a abrirem CNPJs, reduzirem tributos e se planejarem financeiramente, a startup também atua com conteúdos educativos, consultorias personalizadas e ferramentas digitais. Para Jonathan, o futuro da medicina passa inevitavelmente por um olhar mais estratégico sobre carreira, dinheiro e autonomia. “O médico do futuro precisa ser gestor da própria vida, do próprio negócio. E essa consciência está chegando, principalmente entre os mais jovens”, afirma.
Nascido no Pará, ele também faz questão de valorizar o potencial empreendedor fora do eixo Rio-São Paulo. “Tem muito talento nas regiões Norte e Nordeste. Só falta acesso, oportunidade e um pouco de coragem para tirar as ideias do papel”.