Sustentabilidade
Reutilizar, transformar e encantar. Esses três verbos resumem bem o trabalho da empreendedora criativa Alegria Méra, que vem conquistando o Brasil — e o mundo — com suas mochilas feitas a partir de tecidos reaproveitados, como guarda-chuvas descartados e sobras de tapeçaria. Com olhar sensível e uma personalidade vibrante, Alegria dá vida a peças únicas e cheias de significado, costuradas com propósito e consciência ambiental.
A ideia nasceu de forma natural. Antes de trabalhar com mochilas, ela produzia tiaras e começou a reutilizar os retalhos que sobravam das criações. “Me sinto responsável pelo ‘lixo’ que produzo. Dar o destino correto aos meus resíduos é uma obrigação”, afirma com firmeza.
O nome da marca não poderia ser mais autêntico: Alegria Méra. Além de ser seu próprio nome, ele traduz a essência das peças que cria — coloridas, alegres e originais. “Mais legítimo do que isso, impossível”, diz, rindo.
Os valores que ela carrega na marca vão além da estética. Alegria busca gerar reflexão sobre a destinação de resíduos têxteis e, ao mesmo tempo, liberar sua criatividade em criações livres e únicas. “A cada peça, tento mostrar que é possível fazer bonito e responsável.”
No processo de produção, ela está presente em praticamente todas as etapas, embora conte com apoios importantes. “Tenho ajuda em cerca de 40% do trabalho. Meu companheiro desenvolve as estampas da linha temática e a Neuza, minha costureira, me apoia sempre que preciso.”
A matéria-prima vem de parcerias e doações: retalhos de empresas de uniformes, guarda-chuvas usados e reaproveitamento interno das próprias criações. “Trabalho com duas linhas de bolsas: a temática e a sustentável. Os resíduos que as temáticas geram, eu reutilizo nas sustentáveis.”
Cada peça é praticamente única, justamente pela natureza dos materiais reaproveitados. Mesmo tentando padronizar, os retalhos têm vida própria. Já as estampas temáticas são autorais. “Pesquiso o tema e meu companheiro redesenha nos programas gráficos, do jeitinho que eu quero”, explica.
A reação do público é uma atração à parte. “Eles ficam encantados quando descobrem que é tecido de guarda-chuva. Preciso até lembrar que é reaproveitamento — de tão perfeitas que ficam as peças.”
Para Alegria, sustentabilidade é um pilar e uma responsabilidade. “Não é só tendência, é uma necessidade urgente. O consumo consciente é o caminho para um futuro mais equilibrado.”
E o projeto vai além das mochilas: em breve, ela planeja expandir para o vestuário sustentável. “É um sonho que já está sendo desenhado.”
A marca Alegria Méra já ganhou o Brasil — com clientes fiéis no Ceará, Bahia, Paraná, Amazonas, Rio Grande do Sul — e também cruzou fronteiras. “Me orgulho em dizer que tenho clientes na Europa e nos Estados Unidos”, celebra.
O momento mais marcante da trajetória foi a aprovação em um concurso de empreendedorismo feminino. “Recebi um incentivo financeiro que mudou tudo. Foi um divisor de águas na minha vida.”
Empreender com propósito em Belém, segundo ela, é desafiador, principalmente pela infraestrutura logística. “Mas nossa cultura é tão rica, tão viva, que inspira e alimenta todo o meu processo criativo.”
Para quem deseja começar um negócio criativo e sustentável, ela deixa um conselho direto: “Estude o nicho, faça seu plano e comece agora. O melhor momento sempre será hoje!”
Os produtos da Alegria Méra podem ser encontrados aos domingos na tradicional Feira da Praça da República, em Belém, e também pelo Instagram e WhatsApp.
E os planos para o futuro?
“Decolar! Estou muito otimista com o futuro da minha marca. Estou estudando bastante para isso acontecer. Eu não costuro bolsas… eu costuro histórias.”