Empreendedorismo
Em 2018, com apenas R$ 300 no bolso, Danielly Leite decidiu trocar a estabilidade do serviço público pela incerteza do empreendedorismo. Com sua criatividade empreendedora, Daniele começou produzindo sabonetes artesanais em casa. Logo percebeu que era hora de ir além e contou com a parceria de Vanessa Costa, especialista em gestão e finanças. Unidas, estruturaram e profissionalizaram a BioIlha Cosméticos Naturais da Amazônia, transformando a ideia inicial em uma marca em expansão.
Hoje, a BioIlha fatura mais de R$ 3 milhões por ano, emprega 15 colaboradores diretos e abastece o mercado com cosméticos feitos a partir de insumos amazônicos, como murumuru, ucuuba, cupuaçu, andiroba e pracaxi. A produção envolve cerca de 50 famílias extrativistas, garantindo renda e preservação da floresta.
Segundo o extrativista Gilberto Nobunasa, parceiro da empresa na Ilha do Combu e em Acará, “quando a BioIlha começou a escalar sua produção, nos procurou para fornecer óleos e manteigas vegetais. Hoje aumentamos em 30% o faturamento das famílias e preservamos cerca de 50 hectares por família”, enfatiza.
A empresa também aposta em experiências: em Icoaraci, distrito de Belém, funciona a fábrica, e no Combu, a poucos minutos da Região Metropolitana, mantém um spa e roteiros imersivos que aproximam atacadistas e turistas da bioeconomia amazônica. Para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) de 2025, que acontece na capital paraense, em novembro, prepara a “Rota dos Óleos Amazônicos”, mostrando toda a cadeia produtiva a potenciais clientes internacionais.
De acordo com Mauro Oddo, coordenador de Estudos sobre Cadeias Produtivas e Micro e Pequenas Empresas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), “o evento poderá aumentar a visibilidade internacional de negócios locais e mostrar que a economia amazônica, composta majoritariamente por pequenos empreendimentos, opera em grande parte de forma sustentável, gerando oportunidades econômicas reais para a região”, avalia.
Conforme o mapa de empresas da Secretaria Nacional de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte do Ministério do Empreendedorismo, o Pará registrou em 2025 mais de 60 mil pequenas empresas abertas, enquanto o Brasil contabilizou mais de 3 milhões, dados registrados até julho. Esses números reforçam o papel central das micro e pequenas empresas na economia regional e nacional, demonstrando que negócios como a BioIlha são parte de um movimento estratégico de desenvolvimento sustentável e geração de emprego. Esse cenário é parte essencial da engrenagem que sustenta micro e pequenas empresas, responsáveis por mais de 28% do PIB nacional e pela maior parte dos empregos formais no país.
O crescimento da empresa evidencia o papel estratégico da Administração. De acordo com o Conselho Federal de Administração (CFA), o Brasil conta com 392.146 profissionais registrados (janeiro de 2025). No Pará, já são 11.846 (abril de 2025), atuando em diversos setores da economia.
Para o Conselho Regional de Administração do Pará (CRA-PA), histórias como da BioIlha representam a síntese do que a profissão tem construído ao longo de seis décadas. “A Administração regulamentada no Brasil completa 60 anos com o desafio de impulsionar negócios que unem inovação, sustentabilidade e gestão eficiente. A Amazônia é um território de oportunidades, e profissionais da Administração têm papel fundamental em transformar ideias em empreendimentos sólidos, como no caso da BioIlha”, destaca o presidente do CRA-PA, o administrador Fábio Lúcio.
Enquanto Danielly, hoje cursando Farmácia, se dedica à formulação de produtos, Vanessa cuida da estratégia e finanças. Essa divisão garante prosperidade ao negócio e evidencia a força do empreendedorismo feminino.