No vasto território paraense, onde a floresta, os rios e a terra moldam o modo de viver de milhares de famílias, uma mulher tem feito diferença através da educação. A professora Lenise Ferreira, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), tornou-se um nome reconhecido no estado pelo impacto que seus cursos vêm gerando em comunidades rurais e cidades do interior.

 

Formada em Agroindústria, Gestão de Empresas e Ecoturismo, Lenise não leva apenas técnicas para dentro das salas de aula improvisadas em sindicatos, escolas e espaços comunitários: ela leva esperança, visão de futuro e a possibilidade de transformar saberes populares em oportunidade de negócio.

 

Nos últimos meses, seu trabalho ganhou destaque em jornais, sites e redes sociais, refletindo a mudança de vida que muitos de seus alunos têm alcançado. “Eles não saem apenas com um certificado, saem com um novo olhar sobre si mesmos e sobre o potencial da região onde vivem”, explica.

 

Conhecimento aplicado à realidade local

 

Um dos exemplos recentes aconteceu em Piçarra (PA), onde Lenise ministrou o curso de Manipulação de Alimentos. A proposta foi simples, mas ousada: mostrar que frutas, verduras, legumes e peixes, abundantes na região, podem ser a base de uma cadeia de produtos inovadores, artesanais e sustentáveis.

 

Durante as aulas, ela ensinou receitas que uniam tradição e criatividade, como pudim de abóbora, pudim de batata-doce e pudim de açaí, além de preparações que chamaram a atenção, como o bolinho da COP 30, feito com folhas de mandioca. Também orientou a produção de chips de batata-doce, macaxeira e banana, doces regionais, licores de frutas amazônicas (caju, lima e genipapo), além de hambúrgueres e linguiças de peixe.

 

Todos os produtos foram elaborados de forma artesanal, sem aditivos e sem conservantes, reforçando o valor do alimento natural e saudável.

 

Educação que gera empreendedorismo

 

O impacto é visível: muitos alunos saem dos cursos com a motivação de abrir pequenos negócios, transformar a produção da família ou, no mínimo, diversificar a renda. “É uma nova chance de mudar de vida através do conhecimento”, resume Lenise.

 

Esse trabalho é possível graças às parcerias firmadas entre o SENAR e entidades locais, como o Sipropi (Sindicato dos Produtores Rurais de Piçarra), o Siproduz (Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas), a Sala do Empreendedor de Piçarra e o próprio Governo Municipal.

 

Uma professora que planta sementes

 

De Parauapebas a Breves, de Portel a Serra Pelada, o nome de Lenise tem sido associado a resultados práticos e ao resgate da autoestima de comunidades que, muitas vezes, enxergavam poucas possibilidades de progresso.

 

“Por onde passa, ela planta sementes que, inevitavelmente, dão frutos”, comentou um dos organizadores do curso em Piçarra.

 

Mais do que formar profissionais, a professora tem ajudado a formar empreendedores da própria terra, pessoas que descobrem no que têm ao redor o potencial para crescer. Um movimento silencioso, mas transformador, que vai redesenhando o futuro do interior do Pará.