COP 30
Belém (PA) — No primeiro ato da COP30, que teve início nesta segunda-feira (10 de novembro) na capital paraense, o recado foi claro: não se trata apenas de discursar, mas de fazer. A conferência abriu com a aprovação célere da agenda oficial — um sinal de que o multilateralismo quer virar entrega concreta.
Essa rapidez de procedimentos, no entanto, contrasta com o peso da pauta que se abre a partir do segundo dia: financiamento, adaptação, metas de emissão e justiça climática que exigem mais do que palavras.
O que se desenhou no primeiro dia
A reunião de abertura trouxe, entre outros elementos, os seguintes destaques:
A adoção da agenda oficial da COP30 — considerada fundamental por negociadores para dar credibilidade ao evento.
Divulgação, no primeiro dia, de que 111 países já entregaram seus relatórios de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
Lançamento de iniciativas de inovação e adaptação: bancos multilaterais anunciaram novos modelos de financiamento para transformar planos climáticos em projetos concretos.
O discurso da presidência da conferência, liderada por André Corrêa do Lago, que insistiu em “tempo de implementação” e apresentou a COP30 como momento de verdade e de transição entre promessas e ações.
Em suma, o primeiro dia serviu para firmar o terreno diplomático, reconectar o pacto internacional com a urgência técnica e criar uma “zona de partida”. Mas o grande teste está agora.
A agenda aberta para o segundo dia
Com a base construída, o segundo dia traz o nó central da conferência: transformar intenções em instrumentos — e esses, em mudança real. Entre os principais eixos que ganham tração imediata:
Revisão e ampliação das NDCs: O dado de 111 países com metas entregues é relevante, mas a questão é quanto ambiciosas são essas metas — e como serão monitoradas.
Financiamento climático: A necessidade de destravar recursos para adaptação, mitigação e transição energética coloca os mecanismos de repasse e os instrumentos financeiros no centro das discussões.
Transição energética e florestas tropicais: A preservação das florestas e a redução de emissões de combustíveis fósseis serão testados no âmbito político e técnico.
Justiça climática e inclusão: A conferência insiste em conectar as negociações às realidades dos povos mais vulneráveis e às economias mais afetadas — será preciso abandonar o modelo de “decisões para o outro” e adotar o de “decisões com o outro”.
O caminho está traçado, mas repleto de desafios. Segundo reportagem desta abertura, ainda há lacunas estruturais, como a participação desigual de países e o risco de que alguns temas-chave — em especial financiamento e combustíveis fósseis — sejam adiados.
Por que esse segundo dia de conferência importa para o Brasil e para o Pará
O fato de sediar a COP30 coloca o Brasil — e em particular o Pará — sob holofotes internacionais. Isso significa duas coisas indissociáveis: oportunidade e cobrança.
O Brasil terá de mostrar que consegue não apenas propor, mas implementar — e o Pará, como palco dessa conferência, está implicado nesse processo. A dinâmica da conferência poderá definir se este evento será lembrado como o momento de virada ou como mais um encontro com dificuldades em passar do discurso à ação.
O que vamos acompanhar de perto
A natureza e o escopo das novas ou revisadas NDCs que serão apresentadas.
O montante real de recursos financeiros que serão mobilizados — e o quanto vem em forma de subvenções, não apenas promessas.
A articulação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento em torno da agenda de florestas tropicais.
A forma como os instrumentos de implementação serão desenhados — se com metas, prazos, métricas publicadas para acompanhamento.
Os reflexos logísticos e simbólicos da conferência no Pará: infraestrutura, mobilidade, engajamento social e a visibilidade que a Região ganha globalmente.