O cuidado com a saúde da mulher durante a gestação vai muito além do acompanhamento pré-natal. Quando há histórico de alergia a medicamentos, especialmente a remédios essenciais como anti-inflamatórios e antibióticos, a atenção precisa ser redobrada. A alergista e imunologista Dra. Vanessa Pereira explica como os testes de provocação e a dessensibilização podem ser fundamentais nesses casos, permitindo que o tratamento necessário não seja interrompido por conta de reações alérgicas.
Esses testes permitem que mulheres grávidas, que antes eram impedidas de usar determinados medicamentos por conta de reações alérgicas, possam ter acesso seguro aos tratamentos necessários — como o AAS (ácido acetilsalicílico), a nimesulida e outros anti-inflamatórios e antibióticos de uso comum e indispensáveis durante a gestação.

“O objetivo principal é fazer com que essas pacientes não fiquem desassistidas caso precisem desses medicamentos de forma urgente. A dessensibilização reconstrói temporariamente a tolerância do organismo, permitindo que o remédio seja utilizado com segurança”, explica a Dra. Vanessa.

O procedimento é realizado de forma controlada, em ambiente seguro, sob monitoramento médico especializado. Ele consiste em administrar pequenas doses do medicamento, de forma progressiva, até que o corpo deixe de reagir de forma alérgica. Essa técnica é especialmente importante em casos de risco materno ou fetal, como na prevenção da pré-eclâmpsia (para a qual o AAS é frequentemente indicado).

“A gestação é uma fase delicada, na qual nem sempre temos muitas opções de tratamento. Por isso, reabilitar o uso de um medicamento essencial pode ser decisivo tanto para a saúde da mãe quanto do bebê”, reforça a médica.

O avanço desses testes para o público gestante marca um ganho importante para a medicina personalizada e para os cuidados integrados na saúde da mulher.