COP 30
A COP30 entrou, nesta segunda-feira (17), em sua etapa mais decisiva: o segmento de alto nível, fase em que ministros e chefes de delegação dos quase 200 países passam a comandar as negociações. É nesse momento que a conferência deixa o terreno técnico e entra no campo político — quando, de fato, se decide o que vai ou não entrar no texto final.
Para marcar essa virada, o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, fez um discurso incomum pela franqueza. Diante de uma plenária lotada, disse que a conferência já não tem espaço para “diplomacia meramente formal” e que as delegações precisam enfrentar os temas mais difíceis imediatamente. “Quando as decisões são empurradas para além do prazo, todos perdem”, afirmou.
A fala tem endereço claro: a COP inicia agora a corrida final para acordar regras sobre adaptação, financiamento climático, mercados de carbono e mecanismos de compensação — pontos tradicionalmente sensíveis e historicamente marcados por longas madrugadas de negociação.
O recado da ONU: boa vontade não basta
Stiell reconheceu os avanços da primeira semana: a mobilização de US$ 1 trilhão em investimentos para energia limpa e redes elétricas, o compromisso global de quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis, o lançamento do Desafio da Bioeconomia e novas iniciativas para ampliar mecanismos de adaptação.
Mas foi direto ao diagnóstico: a velocidade das negociações não acompanha a velocidade das mudanças climáticas.
“O ritmo da economia real está avançando mais rápido do que estas salas de negociação”, disse. “E a crise climática já pressiona preços, destrói vidas e corrói economias inteiras.”
Ministros assumem a mesa — e o clima esquenta
A chegada dos ministros muda completamente o tabuleiro.
Se a primeira semana é conduzida por técnicos, focada em rascunhos e análises, a segunda exige decisões políticas: calibrar compromissos, definir números, assumir responsabilidades.
É nisso que Stiell insistiu: a COP 30 ocorre em uma Amazônia aquecida, pressionada por extremos climáticos, com expectativas que não podem ser atendidas com meias-medidas.
Nesta segunda, a agenda reforçou o eixo escolhido pela presidência brasileira: natureza, florestas, territórios e bioeconomia.
Entre os eventos centrais do dia estão:
- O diálogo de alto nível sobre financiamento florestal;
- A cerimônia de assinatura de compromissos para regularização fundiária indígena e comunitária;
- Reuniões ministeriais sobre adaptação e metano;
- Painéis sobre bioeconomia, sociobiodiversidade e modelos de desenvolvimento liderados por comunidades.