Arte e Amazônia
A Amazônia que pulsa nas cidades, nos quintais, nas periferias e nos encontros cotidianos é o ponto de partida de “Daquilo que aqui coexiste”, exposição coletiva com curadoria de Éder Oliveira que integra a programação da Casa Dourada durante a COP30, em Belém. A mostra reúne artistas que vivem ou já viveram a região metropolitana e que investigam o imaginário urbano amazônico em diferentes linguagens. São eles: Beatriz Paiva, Carla Duncan, Chico Ribeiro, Dias Junior, Diego Azevedo, Matheus Duarte, Nayara Jinknss, Nazas, Petchó Silveira, PV Dias e Roma Rio.
A exposição nasce no coração da Cidade Velha, dentro do centro cultural permanente criado pelo Festival Psica, que desde 2024 opera como um espaço de programação contínua, formação, fruição e celebração do fazer cultural amazônico. A Casa Dourada se consolida como um dos polos de produção artística da cidade, articulando mostra, laboratório, música, festas e debates. Durante a COP30, o espaço funciona como ponto de encontro entre a arte amazônica e o momento em que o mundo volta os olhos para o bioma e seus futuros.
A casa Dourada é sede do recém-lançado Instituto Psica e foi idealizado com a consultoria Impact Beyond, com apoio financeiro do Instituto HEINEKEN, Open Society Foundations e World Climate Foundation. A casa terá capacidade para receber mais de mil pessoas por dia, com programações que conectam cultura, clima, juventudes, inovação, sociobioeconomia e justiça social.
A seguir, o curador Éder Oliveira comenta os caminhos da exposição.
A mostra abre em plena programação da Casa Dourada para a COP30, um momento em que a Amazônia é atravessada por debates globais. Qual o papel da arte amazônica dentro dessa conversa sobre clima, cidade e existência?
“A arte tem grande importância nas discussões climáticas ao somar com seu olhar sobre a contemporaneidade. Muito se fala sobre a Amazônia floresta e rios, mas é preciso pensar também a ocupação desse território e esses trabalhos nos trazem um pouco desse tema. Primando pelo olhar crítico, os artistas mostram pessoas e contextos que não têm, individualmente, poder de decisão sobre questões climáticas, mas que como parte do todo demonstram como as relações sociais podem influenciar no futuro desse bioma e, de alguma forma, do planeta.”
“São 11 artistas que moram ou moraram na região metropolitana de Belém e que têm suas pesquisas relacionadas ao universo visual da cidade. Para essa escolha eu parti de projetos que já acompanho e admiro e que refletem a contemporaneidade através de seus trabalhos. Assim, como exemplo, nomes de notoriedade artística, como Nay Jinknss, conversam com artistas em ascensão mais recente, como Dias Junior e Chico Ribeiro. Muitos nomes poderiam somar a essa lista, mas montar uma exposição é sempre filtrar e acho que esse recorte é substancial enquanto narrativa visual.”
Quando reunidos, os trabalhos parecem construir um mapa afetivo e político do território, entre periferias, centro, travessias íntimas e tensões sociais. Como essas obras dialogam entre si e que narrativa emerge desse encontro?
“A mostra entrelaça os trabalhos por diversos lugares. Eles são realmente muito conectados e isso revela o espírito do que se tem produzido aqui e para cá. Será simples para o visitante criar elos visuais e temáticos entre as obras apresentadas.”
“Mesmo com a diversidade que vai do público, como os trabalhos de Carla Duncan, ao privado, como na instalação da Roma Rio, é muito evidente a vinculação estética com o local, com a relação urbana amazônica. Assim, a abordagem do cotidiano na exposição se passa não só por mostrar a periferia de forma direta, mas também na simplicidade do ambiente íntimo, como na obra de Diego Azevedo em que crianças se amontoam no sofá, provavelmente em frente à televisão.”
SERVIÇO
Exposição “Daquilo que aqui coexiste”
Curadoria: Éder Oliveira
Artistas participantes: Beatriz Paiva, Carla Duncan, Chico Ribeiro, Dias Junior, Diego Azevedo, Matheus Duarte, Nayara Jinknss, Nazas, Petchó Silveira, PV Dias e Roma Rio
Local: Casa Dourada, na Rua Dr Malcher, 15, ao lado da Igreja da Sé, na Cidade Velha
Dia: vernissage dia 18 de novembro, às 20h
Visitação: até 31/01/2026, das 9h às 19h
Programação integrada à COP30