Sem avanço
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A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - COP30 está prestes a finalizar e segue sem grandes avanços na área de agricultura e segurança alimentar. A crítica é realizada pelo Instituto Mapinguari - organização da sociedade civil do estado do Amapá, que vem acompanhando todo processo de negociação da Sharm el-Sheikh Joint Work on Agriculture and Food Security (SJWA), principal fórum de negociação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre segurança alimentar frente às mudanças climáticas.
O SJWA foi criado durante a COP27, realizada em Sharm el-Sheikh, Egito, em 2022, como continuidade ao Trabalho Conjunto de Koronivia sobre Agricultura (KJWA). Seu objetivo é abordar o sistema alimentar como um todo e promover ações práticas e políticas que garantam segurança alimentar no contexto de mudanças climáticas constantes.
“Há, sim, avanços discursivos: o reconhecimento da agroecologia, do conhecimento tradicional, das abordagens sistêmicas. Mas sem metas de financiamento, sem mecanismos vinculantes, sem garantia de implementação, essas palavras correm o risco de virar apenas retórica confortável. Precisamos transformar esse consenso acumulado em ação real. Porque cada ano de adiamento não é neutro: custa vidas, territórios, safras, culturas, modos de vida e futuro”, critica a diretora.
Esse trabalho conjunto entre as partes possui um prazo final para 2026, quando as Partes devem ter um conjunto de ferramentas e entendimentos sobre a integração da agricultura com as questões climáticas para uso em planos nacionais de adaptação. Mas, o que tem acontecido são debates que não saem da teoria, afirma a diretora executiva do Instituto Mapinguari, Anália Barreto.
“Há, sim, avanços discursivos: o reconhecimento da agroecologia, do conhecimento tradicional, das abordagens sistêmicas. Mas sem metas de financiamento, sem mecanismos vinculantes, sem garantia de implementação, essas palavras correm o risco de virar apenas retórica confortável. Precisamos transformar esse consenso acumulado em ação real. Porque cada ano de adiamento não é neutro: custa vidas, territórios, safras, culturas, modos de vida e futuro”, critica a diretora do instituto - Anália Barreto.
Na COP, o instituto foi credenciado pela ONU e garantiu sua participação como observador. E, assim, pôde participar mais de perto das negociações do SJWA, realizadas na “Zona Azul”. “Politicamente, o SJWA repete um padrão conhecido, que é o acúmulo de consensos discursivos, mas quase nada que mude a realidade de quem produz alimento nos territórios. Temos um texto que sabe diagnosticar, sabe nomear a urgência e sabe reconhecer quem sustenta a segurança alimentar do mundo. Mas, ao final, o que se decide é seguir conversando até 2026. O Programa de Trabalho que deveria ser de implementação continua sendo, na prática, um programa de discussão”, conclui ainda a diretora.