Cultura

Exposição de Portinari levou 13 mil ao Museu do Estado

A exposição "Portinari na Coleção Castro Maya" que trouxe pela primeira vez a Belém pinturas, gravuras e desenhos originais do maior pintor modernista do Brasil, se despediu da capital paraense no último domingo (09), com um enorme sucesso de público. Aproximadamente 13 mil pessoas e mais de 100 escolas visitaram a exposição, que ainda está sendo desmontada pela equipe de técnicos dos Museus Castro Maya, com sede no Rio de Janeiro, e que contou com o apoio da equipe do Sistema Integrado de Museus e do Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP).

O diretor do MHEP, Sérgio Melo, fez um balanço extremamente positivo da exposição que, segundo ele, atendeu ao entusiasmo não só da equipe do museu, como também do público, que ficou muito satisfeito pela possibilidade de ter contato direto com a obra de renomado artista. “As pessoas puderam vivenciar a construção de um trabalho de Portinari que foi baseado, sobretudo, no eixo da amizade com o colecionador Raymundo Castro Maya”, destacou.

“Essa coleção, que é o maior acervo público do autor, pertencente ao Museu Chácara do Céu, representa uma parte do nosso patrimônio de grande importância e que nos individualiza, porque é de um autor brasileiro, um artista que buscou a vida inteira uma identidade para sua obra, uma identidade voltada prá questão brasileira”, acrescentou Sérgio Melo.

Para o diretor, Portinari conseguiu realmente traduzir essa identidade através das figuras, das danças, dos folguedos, das angústias do trabalhador. “Então podemos concluir que mostrar Portinari em Belém dá também a certeza de que nós estamos nos incluindo na obra dele, porque nós fazemos parte dessa identidade que Portinari tanto buscou”, avaliou.

Grande porte - O Pará é um dos poucos estados brasileiros a receber a exposição, por possuir um museu com as condições adequadas para exibir uma mostra de grande porte como esta. “O Museu Histórico está sediado em um palácio que foi projetado para ser residência oficial da coroa portuguesa desse lado do hemisfério e já serviu aos governadores, aos capitães generais e é um museu adaptado a um prédio histórico. Mas ele também possui todo o aparelhamento adequado para abrigar uma exposição de grande importância como a de Portinari na Coleção Castro Maya, com a segurança e a certeza de que o acervo será realmente muito bem tratado, estará abrigado adequadamente com as condições museológicas necessárias que sempre são exigidas numa exposição de extrema relevância como essa”, ressaltou Sérgio Melo.

Roberto Padilla, produtor da exposição Portinari, conta que o interesse em trazê-la para a Região Norte já existia há quase dois anos e que, após conhecer o MHEP, considerou o local adequado para receber a mostra. “O Museu tem institucionalmente um nome forte e, o fato de estar situado em um Palácio, oferece a imponência para receber esse tipo de exposição. Além disso, o MEP atendeu a todas as condições museológicas e critérios exigidos pelo Museu Castro Maya, que são bastante extensos, para receber as telas de Portinari”, ressaltou Padilla.

A museóloga Denise Batista, do Museu Castro Maya, acompanhou o processo de embalagem e instalação no início da exposição e retornou a Belém para a desmontagem da mostra, representando a instituição. O objetivo desse acompanhamento é produzir o laudo final a ser encaminhado ao museu, no Rio de Janeiro. “Avaliamos se ocorreu algum sinistro no deslocamento ou mesmo durante a exposição e certificamos se está tudo bem com as obras. Nosso trabalho é de preservação e conservação do patrimônio da instituição”, destaca.

Segundo Denise Batista, o trabalho deve ser especializado por demandar todo um processo específico. “Os técnicos têm de usar os instrumentos certos, como por exemplo, luvas e estiletes, e ter cuidados básicos para não tocar nas telas, nos papéis, nem ingerir bebidas ou fumar durante o procedimento”, reforçou.

A exposição “Portinari na Coleção Castro Maya” apresentou 59 obras de Cândido Portinari, adquiridas pelo colecionador Raymundo Ottoni de Castro Maya, hoje pertencentes aos Museus Castro Maya. A coleção é composta de pinturas, desenhos, gravuras e ilustrações, em raro painel da obra de Portinari, com curadoria de Anna Paola Batista, que também esteve na cerimônia de abertura. De Belém, a mostra segue para Belo Horizonte (MG).


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