Infraestrutura
Foto: Sidney Oliveira/Ag. Pará
A partir desta terça-feira, 18, o tráfego de veículos será impedido na avenida Perimetral, entre as ruas Celso Malcher e Mauriti. O acesso ficará permitido apenas a moradores da área. Seis linhas de ônibus terão o itinerário alterado. Uma exceção foi aberta para a linha Alcindo Cacela-Domingos Marreiros, utilizada pelos alunos, professores e funcionários do colégio de aplicação da Universidade Federal do Pará. Somente esses coletivos terão permissão para prosseguir até o NPI e, de lá, retornar para seu destino. Optou-se por fechar a rua trecho a trecho, em períodos de 45 a 60 dias, permitindo a definição de desvios que não comprometam a mobilidade das pessoas de uma vez só em toda a extensão da avenida.
"Todo esse planejamento demonstra a nossa preocupação em reduzir ao máximo o impacto da interdição para a comunidade local e para os cidadãos que costumam transitar nessa via. De qualquer maneira, a interrupção é necessária para o andamento da próxima etapa da obra, que vai mudar radicalmente a paisagem daquele local e proporcionar um grande avanço na implantação do Sistema Integrado de Transporte da Região Metropolitana de Belém", diz o secretário estadual de Integração e Desenvolvimento, Luciano Dias.
A interdição é uma medida de segurança, adotada para proteger os trabalhadores, a população do entorno e os pedestres e motoristas que passam por ali. Haveria duas situações de risco, caso essa decisão não fosse tomada. A primeira é a possibilidade de desmoronamento das laterais da rede-tronco do sistema de drenagem. Isso porque, para assentar os tubos com até 1,20m de diâmetro que compõem o tronco, os operários cavam um duto paralelo ao traçado da avenida, onde encaixam peça por peça. No final de cada seção, marcada pelos pontos de visita (as chamadas bocas-de-lobo, utilizadas para o posterior acesso das equipes de manutenção da rede), eles fecham o duto, formando uma via subterrânea por onde escorrem as águas pluviais para serem lançadas lá adiante em outro sistema ou canal.
"Este terreno é de uma constituição muito ruim. Nunca teve uma rede de drenagem ou esgoto. Por isso, a absorção de água pela terra é muito grande e o solo fica ainda mais frágil", explica o engenheiro Domingos Tabosa. "O trecho onde vamos trabalhar a partir de terça-feira é o que exige mais cuidados. O impacto do trânsito intenso de veículos nas margens da rede-tronco poderia causar acidentes, como o desmoronamento das laterais enquanto os operários trabalham lá dentro", acrescenta. "Não podemos brincar com segurança. Ou é zero ou é 100%. Aqui, é 100%".
Outras medidas de segurança são o escoramento das paredes do duto com placas de aço e a completa substituição do solo subjacente à avenida, na profundidade de um metro, por todos os cinco quilômetros em que é feita a intervenção. São usadas, para isso, modernas técnicas de engenharia e materiais que permitem proteger o terreno das infiltrações, aumentar a capacidade de suportar carga, consolidar a base e a sub-base e elevar a resistência à tração.
Além disso, ninguém espera que o fluxo de veículos seja normal numa área repleta de operários e equipamentos. "São 40 pessoas atuando em duas frentes de trabalho, de forma quase ininterrupta, todos os dias da semana. Só paramos para comer e dormir", garante o encarregado Antônio Lopes. "Trabalhamos com máquinas pesadas, caminhões, escavadeiras e retroescavadeiras. Imagina isso tudo disputando espaço com ônibus, carros, motos e caminhões que circulam normalmente pela Perimetral. Seria o caos!", ressalta o engenheiro Tabosa.
Integração - Todo esse cuidado que cerca a obra de duplicação da Perimetral se justifica também porque a avenida passa a compor o Sistema Integrado de Transporte da Região Metropolitana de Belém, previsto no Projeto Ação Metrópole, como um corredor preferencial para o tráfego de veículos pesados. A via fará a conexão entre as avenidas Almirante Barroso, João Paulo II e Bernardo Sayão, criando uma alternativa de escoamento do trânsito que desafoga, sobretudo, a Almirante Barroso e suas transversais.
É como se a Perimetral tivesse sido promovida. Quando foi construída, nos anos 70, imaginou-se que ela atrairia a ocupação da área de influência da Bacia do Tucunduba para longe das margens dos canais, evitando o assoreamento das vias fluviais. Não deu certo. A intensa migração daquela época criou bolsões de pobreza, justamente próximo aos cursos de água antropizados ou não.
Dá-se agora à Nova Perimetral, duplicada e urbanizada, com solo e pista reforçados, sinalização adequada, proteção a ciclistas e pedestres, três nobres missões: reduzir congestionamentos, conduzir o tráfego pesado e permitir a cerca de 300 mil moradores dos bairros que lhe têm como referência (Guamá, Terra Firme e Marco) a sensação de pertencimento a uma metrópole redesenhada pelas obras estruturantes do Governo do Estado. Depois da Nova Perimetral, a cidade nunca mais vai virar as costas para aquela periferia.
"Moro aqui há 20 anos e nunca vi um projeto tão importante como esse nessa área. O governo veio aqui, explicou tudo, e a gente apoia sim, porque é um benefício pra todo mundo", comenta a comerciante Valda Santos, cuja taberna fica em frente ao campus da Universidade Federal Rural da Amazônia.
De fato, os bairros que compõem a área de baixadas de Belém sempre foram caracterizados pela carência e estigmatizados pela violência. "Agora, eu vou ter ainda mais orgulho de ter nascido e me criado na Terra Firme", completa Antônio Lopes, morador da área, protagonista da obra e testemunha da transformação.
VIAS ALTERNATIVAS A PARTIR DA INTERDIÇÃO
1. As linhas de ônibus UFPA-Icoaraci, Tapanã-UFPA, Curuçambá-UFPA, UFPA- Cidade Nova VI, Alcindo Cacela (José Malcher) e UFPA-Tamoios vão desviar o trecho em obras tanto na saída do terminal, como no retorno, por um corredor alternativo formado pelas ruas São Domingos, Celso Malcher, Silva Rosado, as travessas Francisco Monteiro e Mauriti e a avenida João Paulo II. Apenas a linha Alcindo Cacela-Domingos Marreiros será mantida até o NPI, já que ela serve estudantes e professores da instituição.
2. Veículos particulares no sentido da UFPA dobram na Tv. Mauriti até chegar na Av. João Paulo II no sentido São Brás. Ao chegar próximo à Tv. Antônio Baena, o motorista deverá usar o retorno e, no outro lado da via, acessar a Tv. Francisco Monteiro, de onde segue até a Av. Cipriano Santos para retomar à Perimetral, após o trecho em obras.
3. No sentido oposto, da UFPA para a João Paulo II, o desvio deverá ser feito pela Cipriano Santos até a Francisco Monteiro, seguindo para a João Paulo II, tanto no sentido São Brás como no sentido da Dr. Freitas.
4. Veículos de carga vão trafegar pela Augusto Correa até a Barão de Igarapé-Miri, seguindo até a José Bonifácio e depois Almirante Barroso.