Quem viveu a cena cultural de Belém no início dos anos 2000 viu de perto o surgimento de bandas como Eletrola, Suzana Flag, A Euterpia e Stereoscope, entre outras, que trouxeram uma sonoridade mais pop ao rock paraense. Para matar a saudade dos fãs, a banda Eletrola faz um show especial nesta sexta-feira (19), a partir de 11h, no programa “Conexão Cultura Ao Vivo”, dentro das comemorações pelos 30 anos da Cultura FM. O programa será transmitido pela TV, Rádio e Portal Cultura.

Camillo Royale (guitarra) e os irmãos Eliezer (vocal e guitarra) e Natanael Andrade (baixo) formaram a Eletrola em 2001, em Ananindeua, segundo maior município paraense, uma espécie de “cidade dormitório”, onde as opções de lazer são escassas. “A gente vivia isolado. Ainda não tinha acesso acesso à internet e nem sabia do que estava rolando em Belém”, relembra Camillo. “Começamos a tocar nos colégios, ali mesmo pela Cidade Nova, fazendo cartazes horríveis no Paint e convidando outras bandas do bairro. Assim fomos colocando em prática o mandamento punk ‘faça você mesmo’. Era divertido”, conta Camilo. Na bateria, a Eletrola teve Mário Júnior, depois Andrea Cordeiro e finalmente Ivan Vanzar (ex-Madame Saatan).

A primeira oportunidade de tocar em Belém surgiu a convite da festa “Se Rasgum”, que naquela época começava a lotar o Café com Arte, com bandas locais e um coletivo de DJs de rock alternativo. “Um cara fez um site e começou a falar mal da gente. Acho que isso acabou chamando a atenção da galera”, diz Camillo. “A essa altura, já conhecíamos as outras bandas locais, que também estavam fazendo um som autoral, mas quem juntou todo mundo foi a Cultura FM, que nos mostrou que era possível nosso som tocar no rádio”.

Reencontro – O único disco do Eletrola, gravado na casa de um amigo, saiu em 2002, trazendo na capa uma menina segurando um ursinho com um fone de ouvido, uma estética que lembrava muito as capas da banda escocesa Belle and Sebastian. “Todo mundo dizia isso na época, mas a gente não fazia ideia de quem era essa banda”, ri Camillo. Entre as dez faixas do disco, algumas se converteram rapidamente em hits, como “Revel”, que resume a essência do Eletrola: versos românticos e riffs marcantes embalados por uma atmosfera dos anos 1960.

Em pouco tempo a Eletrola colocou o pé na estrada: fez show em Brasília e tocou em festivais importantes, como “Goiânia Noise” (GO) e “Ruído” (RJ). O videoclipe de “Revel” foi exibido em rede nacional pela MTV. E, de repente, os meninos da Cidade Nova conquistavam fãs pelo Brasil. A banda terminou em 2004, mas deixou sua marca na história do rock paraense. Relembrar essa história, mais de uma década depois, não deixa de ser emocionante.

“Será um reencontro de amigos, mas sem a pressão de ter a banda de volta”, diz Camillo. “Estamos felizes em participar do aniversário da Rádio Cultura, a emissora que acreditou na gente e fez parte da nossa história. A cena do rock nos anos 2000 rendeu muitas bandas legais, como o Stereoscope, que considero a maior banda de Belém. Somos amigos até hoje”. Depois do fim da Eletrola, os integrantes se dedicaram a outros projetos, como as bandas Turbo e Johny Rockstar.

As comemorações pelos 30 anos da Cultura FM já reuniram a banda Cravo Carbono e o grupo Warilou em edições especiais do “Conexão Cultura Ao Vivo”. Além disso, artistas como Toni Soares e Arthur Espíndola compuseram jingles comemorativos e poetas como Paulo Vieira e Juraci Siqueira produziram haicais em homenagem à emissora. Em abril foi lançado o documentário “Balanço do Rock: A mais tribal de todas as festas”, de Robson Fonseca, com selo da TV Cultura, contando a história de um dos principais programas da Cultura FM, há 25 anos no ar. A efeméride segue até outubro, quando será lançado um livro marcando os 30 anos da emissora.

Serviço: “Conexão Cultura Ao Vivo” com a banda Eletrola. Sexta-feira (19), a partir de 11h, com transmissão ao vivo pela TV, Rádio e Portal Cultura. A programação integra os 30 anos da Cultura FM.

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