Amazônia 2030
O setor madeireiro da Amazônia brasileira enfrenta um cenário de declínio, com a produção anual de madeira em toras caindo de 28 milhões de metros cúbicos na década de 1990 para apenas 12 milhões na última década. Apenas 9% dessa madeira provém de manejo responsável, enquanto práticas predatórias e ilegais continuam predominando.
A afirmação é de um relatório do projeto Amazônia 2030, liderado pelo secretário executivo do IFT, Marco W. Lentini, e a consultora de Legalidade Florestal do Imaflora, Maryane B. T. Andrade. O documento ressalta a urgência de expandir o manejo florestal, combater fraudes no setor e investir em inovação tecnológica para alinhar a exploração madeireira às demandas de uma bioeconomia sustentável.
O relatório “O manejo de florestas naturais e o setor madeireiro da Amazônia brasileira: situação atual e perspectivas”, explora os desafios enfrentados pelo setor e apresenta recomendações para transformá-lo em um pilar sustentável da economia amazônica.
O estudo revela que o setor, historicamente vinculado à expansão desordenada de fronteiras de desmatamento, sofre diversos problemas como a predominância de exploração ilegal, facilitada por fraudes documentais; a baixa adoção de práticas de manejo florestal, com apenas 9% da produção originada de florestas manejadas; o uso restrito a 20 espécies madeireiras, limitando o valor agregado e a diversificação dos produtos; e a estagnação tecnológica, que impede a competitividade em mercados especializados.
“Esse levantamento foi desenvolvido para investigar estas questões a partir de três objetivos. Primeiro, resumir a evolução nas últimas décadas do setor madeireiro baseado em exploração de florestas naturais na Amazônia. Segundo, apresentar um panorama da adoção do manejo florestal e discorrer sobre os principais desafios para o seu ganho de escala em comparação com o setor baseado no consumo de madeira não manejada. E, terceiro, avaliar os desafios e as oportunidades para o desenvolvimento de um setor madeireiro sustentável e alinhado às necessidades da bioeconomia para a região”, afirma Marco Lentini.
Além de apresentar os principais problemas e desafios do setor, o estudo também aponta caminhos para desenvolver a bioeconomia da Amazônia. “Com investimentos adequados e políticas públicas robustas, o setor madeireiro pode se tornar um motor estratégico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A madeira, especialmente quando produzida de forma responsável, desponta como uma alternativa sustentável e de baixo impacto para atender às demandas de construção civil e outros mercados globais”, destaca Lentini.
Amazônia 2030
O projeto Amazônia 2030 é uma iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia brasileira. A proposta foi pensada de forma conjunta pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia, ambos situados em Belém, com a Climate Policy Initiative (CPI) e o Departamento de Economia da PUC-Rio, localizados no Rio de Janeiro.
O projeto propõe alcançar um patamar maior de desenvolvimento econômico e humano para que a região amazônica atinja o uso sustentável dos recursos naturais em 2030. Os resultados do projeto somam uma série de recomendações precisas para adoção imediata de tomadores de decisão privados (como empresários, empreendedores, investidores e bancos), tomadores de decisão públicos (como dos poderes Executivo e Legislativo, assim como órgãos das esferas municipal, estadual e federal) e agentes de cooperação e investimento internacional.
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