Arte e Música










Um longo caminho levou até que chegasse nas mãos da cantora e museóloga Sônia Nascimento as cartas de Waldemar Henrique, o primeiro contato com a obra do maestro veio por meio de um hábito do pai de Sônia, que tinha como hobby comprar coleções de músicos em banca de revistas, que ficava na avenida Presidente Vargas, na praça da República.
Sônia lembra que o ambiente de sua casa respirava música, chegaram a ter três vitrolas em sua casa, onde se escutava desde o rock de Elvis Presley, ao choro Pixinguinha e também Waldemar Henrique. Sônia confessa que ficou encantada com a música de Waldemar e pesquisando descobriu que era paraense. A partir daí começou a ficar atenta às suas apresentações, tanto no Teatro da Paz, onde ele era diretor quando em salas de música pela cidade, onde costumeiramente ele se apresentava.
Sônia lembra que via sempre o maestro andando por perto do Teatro da Paz, onde era seu caminho usual e um dia ela mesmo nervosa, tomou coragem para falar com ele, e depois de um boa tarde, ela foi acolhida com muita gentileza e um sorriso largo, marcas da personalidade do maestro, então sentaram e conversaram um pouco, esse dia ficou marcado para Sônia, que nem imaginava que futuramente seria completamente envolvida pela vida e obra do maestro Waldemar.
Além da música, a paixão pela museologia aflorou com intensidade depois da maturidade, explica Sônia, que vê na museologia a possibilidade de abarcar acima de tudo conhecimento de vida, estudando a história da arte, história da música.
A pesquisa
O professor Celso Gomes, realizava na UFPA um evento, que se chamava Sarau Paraoara, e naquela época Sônia lembra que era estagiária e bolsista e os alunos tinham que pesquisar 2 músicos para serem apresentados nesse sarau. Quando seriam lidas as partituras de suas obras. Os músicos eram Luiz Pardal e Altino Pimenta naquele ano, então Sônia foi até o Museu de Imagem e do Som – MIS, fazer a pesquisa do maestro Altino Pimenta, e lá foi alertada pela historiadora Michela Queiroz que junto do acervo do Altino estava o de Waldemar Henrique.
Nesse momento diante de todo aquele acervo, foi quando Sônia teve a ideia de fazer uma pesquisa como resultado de sua conclusão de curso, o famoso TCC, que teve como orientador o professor John Fletcher, sobre a vida de Waldemar Henrique. Mas ela não queria fazer uma pesquisa comum, porque já há tantas falando de sua música e composições, então viu nas suas cartas a possibilidade de falar do Waldemar Henrique pela ótica mais humana, mais pessoal e assim foi estudando e interpretando as cartas que teve a oportunidade de ter em suas mãos.
A escrita era um hábito de Waldemar Henrique
Sônia explica que Waldemar em suas diversas viagens no decorrer da vida, escreveu dezenas de cartas para familiares, amigos e colegas de profissão. Entre muitos assuntos, adorava narrar suas viagens e os momentos de grande relevância da sua história de vida. O maestro tinha o hábito de reproduzir suas cartas, tendo sempre uma cópia, e, quando não era possível, ele solicitava ao destinatário que este a guardasse para devolvê-lo. Nestes escritos um de seus principais objetivos era documentar o cotidiano de suas viagens, como um diário, descrevendo detalhadamente os lugares, eventos, acontecimentos, para que no futuro pudesse reavivar sua memória ao reler seus escritos.
Sônia identificou que geralmente o maestro escrevia a sua narrativa item por item, primeiro do lugar e dia, em forma de diário, era como se ele quisesse depois fazer uma pesquisa, chamou a atenção de Sônia a letra do maestro que era muito bonita, muito bem desenhada, e é perceptível quando o problema da visão começa a se agravar, porque a falhas nos escritos, as letras começam a sair da linha de pauta.
Das pessoas mais conhecidas, o maestro escrevia para o escritor e pesquisador Vicente Sales, para o seu secretário Sebastião Godinho e para sua mãe, que na verdade era sua madastra, mas que nas cartas deixa transparecer o profundo amor que ele tinha por ela. Waldemar e sua irmã Mara, mantiveram financeiramente sua família por longos anos.
Sônia relata que apesar da paixão pela obra, teve um dia que se sentiu exausta diante do desafio de terminar a pesquisa, e deu um branco e ela pediu literalmente socorro, falando para o seu íntimo, me ajude Waldemar e na hora veio a ideia de terminar o último parágrafo com o trecho da música Uirapuru, era como tivesse tido um sopro dele em meus ouvidos, lembra Sônia.
E assim escreveu ...
Certa vez de montaria
eu descia um paraná
e o caboclo que remava
não parava de falar
Que caboclo falador!...
O Projeto de VIDEOCAST
O Videocast “As Cartas de Waldemar”, é dividido em 4 episódios. A ideia surgiu a partir do resultado do trabalho de conclusão de curso explica Sônia Nascimento, que é museóloga e apresenta o programa. “As Cartas de Waldemar” integra o projeto “As memórias de um maestro demasiado humano: museologia e as correspondências de Waldemar Henrique”, que foi contemplado com o Prêmio Rede Virtual de Arte e Cultura 2020, na categoria Museologia, da Fundação Cultural do Pará.
O primeiro episódio que começa a ser apresentado hoje (dia 17/02), também traz o relato do fotógrafo paraense, Luiz Braga, que comenta sobre a generosidade do maestro que sempre facilitava o acesso ao teatro para que ele pudesse produzir fotos e além disso, que o maestro esteve presente em sua primeira exposição, que foi no próprio Teatro da Paz. Luiz Braga também relembra como foi produzida a foto icônica do maestro Waldemar, que hoje está exposta na entrada do teatro que leva seu nome Waldemar Henrique. O músico Luiz Pardal também fala de suas lembranças da convivência com o maestro e de sua extrema sensibilidade.
Dentro de um contexto de pandemia, Sônia lembra que é importante dizer que o projeto foi produzido na sala do apartamento de seu apartamento, com uma equipe composta de 3 pessoas; e conta com depoimentos de personalidades que tiveram momentos inesquecíveis com o maestro, como: Sebastião Godinho, Nilson Chaves, Vital Lima, Márcia Aliverti, Madalena Aliverti, Luiz Pardal, Rafael Lima, Paulo Fonseca e Luiz Braga; e uma entrevista sobre a Coleção Waldemar Henrique com Dayseane Ferraz, Historiadora, Antropóloga e Pesquisadora do SIM/SECULT. Esse projeto foi feito pelo Realizador Cultural, MusicaParaense.org, com a produção executiva de Sônia Nascimento.
Os Episódios podem ser vistos nesse link do canal do Projeto: https://youtu.be/Ylkjhj-Oz9Q
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