MARAJÓ
Moradores da Reserva Extrativista Arióca Pruanã, no município de Oeiras do Pará, na região do Marajó, participaram, nos dias 8 a 11 de julho, do Curso de Formação de Brigada Comunitária de Prevenção e Resposta aos Incêndios Florestais. O curso, realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Instituto Floresta Tropical Johan Zweede (IFT), Observatório do Marajó, e do WWF-Brasil, reuniu 22 comunitários do grupo de manejadores da Resex.
A atividade ocorreu na comunidade Deus Proverá. Durante quatro dias os participantes tiveram aulas sobre gestão territorial, históricos de incêndios florestais, formação de brigadas, Manejo Integrado do Fogo, comportamento do fogo, Sistema de Comando de Incidentes, segurança para o trabalho, prevenção e resposta a incêndios florestais, manutenção e manuseio de equipamentos, construção de aceiros, queima controlada e técnicas do uso do fogo e combate.
"Um passo importante é equipar e preparar as comunidades locais que vivem em unidades de conservação e outros territórios do Marajó para enfrentar os incêndios florestais e realizar ações de prevenção. As parcerias entre as instituições valorizam e fortalecem a união de esforços tanto para a compra de equipamentos, quanto para conectar as pessoas e apoiar as brigadas comunitárias neste momento crítico", destaca Ana Luiza Violato Espada, especialista em gênero e governança florestal do USFS no Brasil.
Samuel Oliveira, coordenador de campo do projeto Vitória Proari, responsável pela gestão do manejo florestal comunitário da Resex, afirma que a capacitação era um desejo antigo da comunidade, que tem sofrido os efeitos dos incêndios florestais nos últimos anos.
“Em 2015 houve um incêndio na Resex que atingiu cerca de 15 mil hectares de floresta primária. No ano passado tivemos outro incêndio de alta magnitude, que também causou enorme prejuízo para a comunidade. Na época tivemos o apoio das brigadas do ICMBio para controlar o fogo, mas ainda assim muita área da floresta foi queimada. Por isso, ficamos felizes com esse treinamento, que fortalece e capacita a população em casos de situações de emergência em nosso território”, destaca Oliveira.
Para César Pinheiro, técnico florestal sênior do IFT, que acompanhou o curso na comunidade, a iniciativa reforça as ações de proteção territorial na Resex. “Assim como as outras ações do projeto Valorização da Floresta, o objetivo desse treinamento foi capacitar o grupo de manejadores do projeto de manejo florestal da Resex. A ideia é orientar a comunidade para enfrentar situações de incêndios de forma eficiente e segura, algo fundamental para a viabilidade do empreendimento florestal executado na unidade de conservação”.
O WWF-Brasil vem atuando no fortalecimento de brigadas comunitárias e voluntárias desde 2019, quando em setembro desse mesmo ano foi estruturado o núcleo de respostas emergenciais em decorrência dos grandes incêndios que impactaram a Amazônia. Para Osvaldo Barassi Gajardo, especialista de conservação e coordenador do núcleo, o apoio a brigadas comunitárias, especialmente as indígenas, reforça o importante papel as comunidades têm na proteção dos seus territórios. “As brigadas comunitárias são uma primeira resposta frente aos estágios iniciais de incêndios e podem evitar que se transformem em grandes incêndios, mas o papel mais relevante é o da prevenção”, destaca.
Até o momento o WWF-Brasil tem apoiado mais de 70 brigadas e mais de 500 brigadistas em ações de treinamentos e aquisição de equipamentos nos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia, gerando importantes resultados nas respostas iniciais e ações de prevenção, sendo consideradas uma estratégia de adaptação frente às mudanças climáticas.
Resex Arióca-Pruanã
Desde 2017 o IFT desenvolve ações de incentivo ao manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí na Resex Arióca-Pruanã. Localizada no município de Oeiras do Pará, região nordeste do estado, a unidade de conservação dispõe de uma área de 83.445 hectares. Na UC moram 565 famílias, divididas em 27 comunidades que se organizam em seis polos comunitários.
Brigadas comunitárias
Além do curso na Reserva Arióca-Pruanã, outra formação de brigada comunitária está sendo organizada no município de Portel, no Marajó, que esteve no topo da lista dos municípios com mais focos de queimadas do Pará em alguns meses de 2023. O curso contará com o apoio do Prevfogo/IBAMA, o que facilitará a formação de mais brigadas comunitárias como essa e o combate mais efetivo às queimadas pelo país.
Valorização da Floresta
Iniciado em outubro de 2023, o projeto “Valorização da floresta” tem como objetivo fortalecer o manejo florestal sustentável nas Reservas Extrativistas Arióca-Pruanã e Mapuá, no Pará. A iniciativa integra o projeto Sustenta Bio – aliança pelo fortalecimento das economias da sociobiodiversidade em áreas protegidas, realizado pelo ICMBio, Vale e Fundo Vale em parceria com outras organizações que atuam na Amazônia. O projeto, financiado pelo Fundo Vale, prevê a estruturação da produção madeireira local, a promoção de novas cadeias da sociobiodiversidade e o fortalecimento dos planos de manejo florestal comunitários nas unidades de conservação atendidas.
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